30 de dezembro de 2014

O Ser Humano é Ridículo (Viva 2015!)

O que eu percebo – e não só eu – é que passamos dos limites. Nós seres humanos não estamos sabendo cuidar do que é nosso. Desde a coisa mais insignificante até a maior de todas.

Podemos pensar na humanidade inteira como sendo uma coisa só (e somos!). Se fosse um síndico, por exemplo, certamente seria um péssimo síndico; se fosse um presidente, seria um péssimo presidente; se fosse bombeiro, seria um péssimo bombeiro e se fosse um policial, não só seria um péssimo policial, como também seria corrupto. A humanidade, como um todo, é um lixo. É o mais fétido esgoto existente nesta galáxia.

O ser humano é egoísta e burro. Sabe que a poluição prejudica a saúde, inclusive do planeta, mas não a combate, pelo contrário. Sabe que arma de fogo gera violência, mas fabrica arma de fogo. Sabe que não pode matar e maltratar, no entanto, mata e maltrata.

Naquele vai e vem maluco de gente na rua (e que já citei em alguns textos no blog), sobe e desce, entra e sai nos terminais, ônibus e outros transportes públicos, seja hora do rush, período de festas, o corre corre. Todo mundo se atropela, ninguém se respeita, é a lei do mais forte. Não à toa é difícil ver pessoas especiais nesse momento. Deficientes visuais, cadeirantes. É difícil! É desumano!

Não é justo fazer uma pessoa se espremer e sofrer para ir e voltar do trabalho e ainda perder 4, 5, 6 horas do dia pra isso. E quem a faz sofrer? O próprio ser humano, corrupto e egoísta. É um efeito dominó, um maltratando o outro, de cima pra baixo. Um quer humilhar o outro. Um quer ser melhor que o outro.

O ser humano é um lixo. O quanto teríamos um lugar melhor se caso não houvesse egoísmo? Sem egoísmo conseguiríamos, inclusive, conviver numa boa com as diferenças.

Brigamos com o vizinho por causa do galho da árvore que invade o quintal, brigamos no trânsito por causa de meio metro, o aluno mata o professor que o repreende, o ciclista briga com o motorista, vamos ao banco e somos mal atendidos, a religião causa guerra... tudo é discórdia!

O ser humano é um viciado que não consegue largar o vício. Empurramos tudo com a barriga.

No caso do planeta Terra, já estamos chegando na fase de não ter mais conserto, e nada é feito. Tenho pra mim que, dia mais dia menos, irá surgir um vírus que acabará com mais da metade da população. Virá mais uma epidemia como outras que já vieram e dizimaram, juntas, ao menos 1 bilhão e 500 milhões de pessoas  Dessa vez os que restarem, serão obrigados a repensar a vida, mudar os conceitos e recomeçar do zero. 100% vida nova.

Nada impossível já que gostamos de brincar e desafiar a natureza. Imagine também o tanto de experiências que laboratórios fazem e que nem ficamos sabendo... e se dessas experiências surgir algo devastador?

Somos ridículos. Aquelas filas ridículas pra se comprar o novo modelo de Iphone conseguem explicar a mediocridade do ser humano.

Veja só: pense rapidamente em sua saúde!

A maioria das vezes, na verdade, essas pessoas que invejamos por ter poder e dinheiro, são muito mais preocupadas que nós reles mortais. Veja só o exemplo de Eike Batista: você acha que, mesmo no auge, ele dormia tranquilo?

E perceba o grande exemplo que foi Steve Jobs. Alias, não foi só um exemplo, foi também um recado para a humanidade, mas que ninguém, infelizmente, percebeu. E o recado é simples: De que adianta ter dinheiro, poder e o mundo em suas mãos, se não há saúde?

As coisas mais importantes da nossa vida, o dinheiro não compra!!! Isso é fato!

Tem mais zilhares de exemplos como o do Jobs e do Eike. O pobre e o rico, todos tem suas preocupações. Porém, a festa na laje é verdadeira e de coração, enquanto que a festa chique na beira da piscina é falsa e cheia de interesses. E quando morrerem pra onde todos irão?

Ao longo de sua vida quantas vezes você já parou para pensar na sorte de não precisar depender de ninguém por ter saúde? Te pergunto, sendo ou não ateísta, quantas vezes costuma agradecer sua saúde e da família. Você sabe o que é mudar toda sua rotina para ajudar a um familiar doente ou especial?

Já fez o exercício de se colocar no lugar de quem tem alguma deficiência física: lesão neurológica, artropatia, amputação, hemiplegia e tantas outras. Já se imaginou sem poder fazer 98% das coisas que você faz sem depender de ninguém?

Você que, como eu, é saudável, acorda todos os dias para trabalhar, anda até o banheiro, escova os dentes, toma um banho, se veste, faz o café da manhã, pega a bolsa/mochila, entra no carro ou no ônibus e vai para o trabalho, quantas vezes já parou para pensar que, se não fosse sua saúde, dependendo do problema, você nem conseguiria fazer xixi sem ajuda ou ir até a padaria comprar pão ou simplesmente pegar o controle remoto da TV ou sequer sair da cama?!?

O que é toda essa baboseira de Iphone novo, carro do ano ou o tênis da moda, diante da falta de saúde?

Repito: as coisas mais importantes da nossa vida, o dinheiro não compra!!!

Moramos todos no mesmo lugar, temos que manter a casa em ordem, viver em harmonia e manter a saúde de tudo e de todos.

A mudança mais difícil para nós todos é a mudança de comportamento. E essa mudança pode começar com você pensando melhor nos verdadeiros valores da vida. Assim, quem sabe, podemos evitar o pior.

Pra você e sua família um 2015 menos egoísta, com o pé no chão e com muita saúde!





17 de dezembro de 2014

Série O Resgate da Memória: 42 - Entrevista Camisa de Vênus em 1984

Em 1982 o Camisa de Vênus lançou seu compacto com "Controle Total" e "Meu Primo Zé", versões de Clash e Undertones. Em 1983 lançou o primeiro disco e não demorou para estourar com "Bete Morreu". O disco vendeu bem pra época e os shows passaram a ficar lotados.

Hoje é mais que normal, mas naquela época o nome Camisa de Vênus era um escândalo e a banda até deixou de tocar em rádios e televisão por causa dele. Se não me engano, o programa de Raul Gil foi o primeiro que o Camisa participou e que era transmitido em todo Brasil.

O primeiro disco do Camisa é clássico. Não tem problema ele ter sido mal produzido e gravado, a força das músicas é maior que as falhas, e a banda funcionava muito melhor ao vivo (até 1986 assisti a uns três shows).

Aqui mais uma boa reportagem da Roll, de abril de 1984. Antes disso o Camisa havia aparecido em outra reportagem na edição de dez/83 que fala do show com a Neuzinha Brizola (o primeiro no Rio, abriu para Neuzinha e roubou o show). Essa aqui é a primeira reportagem solo da banda. Infelizmente a matéria não está assinada.




Passamos Por Isso

O show era da Neuzinha Brizola. O sábado a noite era veranesco. Mas quem pôs o estádio de Remo da Lagoa para sacudir, embora estivesse meio vazio e cheio de familiares e socialites, foi o grupo de abertura que faz um punk rock/hard baiano: Camisa de Vênus.

A pequena galera skatepunk que estava presente dançou o que pode e daí pra frente conquistaram um público certo e fiel, que cresce a cada nova apresentação carioca. Naquele show da Brizolinha, o pessoal pediu bis, mas o som foi cortado. Não ficou ninguém pra ver a garota.

Agora eles são uma presença quase constante no cenário carioca. Circulam com seus admiradores, trocando ideias, cedendo cópias de vídeo filmados em Salvador – inclusive filmaram o vídeo-clip “Beth Morreu” por Copacabana. O rock preventivo está a solta e o orgasmo é total.

Num desses encontros nos pepinos da vida, embaixo de um sol causticante, antes de uma entrevista pro Realce, pegamos um abacatinho gelado e levamos um papo com a trupe (mulheres, filho, os cambau) numa das últimas sombras restantes perto da praia (maldita devastação ecológica). 

Perguntamos a Marcelo Nova (voz) o que acha do rock Rio-SP, e ele não hesitou em responder: “No Rio gosto do João Penca que são engraçados sem serem babacas, e não cansam. Tem uns que enchem o saco nessa de querer ser engraçadinho. Gostei muito da noite em que tocamos no Circo Voador com Lobão e Coquetel Molotov. Não houve disparidades. Eles são bons em seus estilos. Já em São Paulo só gosto dos Inocentes, mesmo porque não conheço nenhum outro grupo. Só de disco, mas para eu dizer que conheço e gosto, só vendo ao vivo.”

ROLL: Você vê futuro no rock nacional?
MN: “Como postura, som, atitude, está começando agora. A falta de informação é muito grande entre os grupos e entre os consumidores do rock nacional. A mídia vende tudo como rock e depois da discoteca está se tentando vender rock aqui de qualquer maneira. É o mesmo que tomar Coca Cola como se fosse uísque. Não se pode dizer que o rock daqui é bom ou ruim, pelo menos ainda não. Primeiro as pessoas tem que saber o que estão consumindo. Como está não pode ficar. Um cara como o Lulu Santos, que ficou revoltado porque declarei numa entrevista ao JB que ele não faz rock, respondeu-nos usando um termo colhido debaixo do divã de seu psiquiatra: chamou-nos de DESSUCESSISADOS; quá quá quá. Tudo isso pra tentar justificar uma coisa que ele fez há muito tempo com o Vímana e não conseguiu. Quando ele vê uma coisa direta, inteira e sem frescuras, como o Camisa de Vênus, ele se bate, porque ele sabe que hoje nós temos um público que ele não conseguiu/consegue ter. E como ele pensa que é a Marilyn Monroe do rock, ele coloca essa coisa de sucesso. Se é entregar os pontos, de preocupar de antemão com quantas mil pessoas a música vai atingir, de calculadora na mão e etc, e gravar um Lp onde só se fala de tudo bem, eu te amo, o Camisa de Vênus deixa isso para pessoas como o Lulu. Voltando ao inívio da pergunta, na Bahia nós gostamos muito e apadrinhamos a banda Gonorréia, que inclusive vai ter que mudar de nome por causa da censura. No mais, ainda estamos conhecendo o que tem no rock nacional. O pessoal do Camisa faz questão de dizer que não viemos pro sul maravilha exportar sotaque e frescurinhas, como a maioria dos baianos”.

ROLL: Aproveitamos pra perguntar qual é a proposta que eles trazem para o rock:
MN: Existe intenção de nossa parte de fazer uma coisa, mas aliado a isso existe a posição da gravadora que vai querer colocar a coisa da melhor maneira possível para ela. E aí é que se situa o conflito entre o artista e a gravadora, tem muita gente que não quer segurar esse pepino. Nosso disco, por exemplo, demorou bastante pra sair e já estava até ficando defasado da proposta inicial. Não considero nosso primeiro disco uma coisa certinha. Na verdade estamos pouco nos lixando pra o que isso possa parecer perante a crítica ou ao apoio do público. A gente respeita muito a plateia da gente. Já no segundo disco pretendemos por xilofone e piano, mas quando você ouvir o disco ainda não vai poder afirmar que quem está tocando é o Camisa de Vênus, que continua firme na estrada.

ROLL: No rock internacional ficam com o inglês ou com o americano?
Todos respondem unânimes: “inglês”.
Marcelo prossegue: “Não há dúvidas que na Inglaterra se faz rock muito melhor que nos Estados Unidos. Os americanos não fazem rock, fazem ‘dólar’, todas as revoluções dentro do rock aconteceram na Inglaterra, Rolling Stones, Beatles, Punk e outro. Os EUA são apenas o berço que os pariu e os lançam ao mundo.”

ROLL: Quais os grupos ingleses que apreciam? Citaram Echo and the Bunnymen, U2, Siouxsie and the Banshees, e muita coisa que continua brotando todo dia. E o que dizem sobre o punk rock no Brasil?
MN: “O aspecto que acho negativo nessa coisa do punk rock é a similaridade entre as bandas e a própria temática: guerra, fome, desemprego, etc. Mas eu gosto muito é da energia deles. É muito melhor ouvir qualquer banda punk do Rio ou São Paulo do que essas ‘coisas’ que rolam por aí (os leitores sabem a quem se referem)”.

ROLL: O Camisa está criando algum novo estilo? A princípio vocês parecem muito com os grupos punks da primeira leva como Buzzcocks, Vibrators, etc.
MN: “Se eu disser que criamos, fica um negócio pretencioso, mas a verdade é que nós já criamos essa cena de rock. E aí você começa a ter que enfrentar os problemas do que já está estabelecido pra não cair na rotina e fazer o segundo Lp igualzinho ao primeiro. Se o primeiro deu certo, fazer o segundo igual é um risco. É fácil, as tentações são muitas, inclusive financeiras (se o Lp estiver dado certo), mas nós não vamos cair nessa. O lance da semelhança dos grupos que você citou são pura homenagem. Veja que no Lp fizemos uma versão do Buzzcocks, uma do Jam e uma do Undertones. Fica aí”.

Súbito o papo é interrompido pois tá na hora do papo com Bocão e Antonio, pro Realce. A conversa segue mais ou menos a linha desta, com muita descontração, pois é o lema do programa. Nos veremos em outra oportunidade. Como o sol ainda tá muito bom e estamos de short, vamos dar um mergulho. Depois ficamos zarando, vendo os asa-deltas e o lindo pôr do sol, só pra passar tempo.


8 de dezembro de 2014

Moço Tem Camiseta de Rock Aí?

Houve um tempo em que colocar uma camiseta de uma banda de rock era algo realmente significativo. Uma época em que esse gesto realmente dizia algo, fazia a diferença e colocava você na ala dos “diferentes”.

Estou dizendo do início dos anos 80, mais precisamente entre 1980 e 1985. Ainda nessa época camisetas de rock não eram nada populares, pelo contrário, era coisa de marginal.

Qualquer que fosse a banda ou artista, se alguém gostasse do que visse na camiseta, era nova amizade na certa. Na verdade, nem seria preciso gostar da camiseta, só de ser rock já era motivo para uma conversa, uma troca de ideia. A camiseta já mostrava ao menos 50% de sua personalidade.

Em Brasília lembro de uma vez dois headbangers com camiseta do AC/DC chegarem em mim por causa da camiseta do Clash que eu usava. Eles estavam passando pela quadra onde eu estava, sentado em um bloco, viram a camiseta e vieram me mostrar o Never Mind The Bolocks do Sex Pistols, pois queriam vender o disco. Não comprei, mas os caras sentaram lá e ficamos conversando, outras pessoas chegaram e os dois acabaram se tornando amigos.

Em São Paulo, logo que cheguei à cidade, estava eu caminhando pela Consolação, quando dois office boys me pararam por eu estar usando camiseta do Dead Kennedys e ter cabelo um pouco longo para usar uma camiseta daquelas rsrs. Trocamos uma ideia, disse que tinha acabado de chegar de Brasília e eles, por coincidência, conheciam um pessoal de lá. Tudo amigo. Apesar de radicais, me convidaram para uma festa, e acabamos nos esbarrando em alguns shows depois dessa conversa.

A camiseta de rock falava por você. Em São Paulo, por exemplo, onde havia muita rixa entre gangs, se alguém passasse por punks com uma camiseta do Smiths, por exemplo, estava arriscado a tomar porrada. Se um punk passasse por headbangers com uma camiseta do Ramones, era briga na certa! Uma pessoa que usava uma camiseta do David Bowie certamente era bem diferente de uma pessoa que usasse uma camiseta do Black Sabbath. A conversa seria diferente com cada uma.

Usar uma camiseta rock era coisa “séria”. Por ela falar muito de você, não dava pra usar uma camiseta rock só por ser legal, isso era impensável. Nem era fácil achar boas camisetas de rock fora de SP. Na cidade, além da galeria do rock, também tinha a loja da Punk Rock Discos, do Fábio (Olho Seco) e a Stoned... e teve uma época em que as duas ficavam na Rua Augusta, uma perto da outra.

Nessa época nem era muito comum gostar de rock. Assim como não era comum ser skatista ou surfista. Nessa primeira metade dos 80 o rock estava chegando ao mainstream: U2, REM, Echo and the Bunnymen, Smiths, New Order, eram todas underground, seus discos não eram lançados aqui no Brasil. Eram tempos em que Clash, Talking Heads, Ramones, PIL, Dead Kennedys estavam em plena atividade.

Aí, de repente, as coisas começaram a mudar, e antes do final da década de 80 os sertanejos já estavam usando calças rasgadas e o símbolo tradicional da anarquia passou a ser usado por qualquer um. Durante os anos 90 outras particularidades do movimento punk e do rock alternativo se tornaram moda até que, por fim, algum figurinista ou estilista resolveu colocar camiseta de bandas em modelos famosas e em integrantes de bandas pop. Hoje até o moicano foi banalizado e agora é usado por pagodeiro e jogador de futebol.

Cada um é livre pra fazer o que quiser, quem sou eu pra dizer algo, porém acho deveras ridículo ver menininhas e garotões usando camiseta do Ramones ou Motorhead a troco de nada. Banalizando uma coisa tão legal. Eu que ando em transporte público vejo gente que está anos luz distante do universo rock usando camiseta de Ramones, AC/DC, Iron Maiden e Black Sabbath. Triste.

Vestir esses astros da música pop com esse tipo de camiseta é bom e ruim ao mesmo tempo. Ruim por ser moda, mas bom porque ao menos, as fãs de 10 a 13 anos, de alguma forma, têm contato com rock.

O que reparo hoje é que certas camisetas ainda falam muito. Apesar de terem banalizado o logotipo do Ramones, há outras que nem todos usam e aí dá pra separar o joio do trigo. Até porque dá pra distinguir bem quem realmente gosta de rock e usa uma camiseta de banda por amor e quem usa banalizando-a. Só não vou citar as bandas que não são comuns, porque vai saber, né? Deixa assim. Ver camisetas do Ramones, Motorhead, AC/DC e Black Sabbath banalizadas já é triste demais...

26 de novembro de 2014

As Preferidas do Tocador 1

Tem bandas que não saem de meu tocador, e outras que saem e voltam assiduamente. Não tenho carro, então meu tocador é um fiel escudeiro na caminhada, no ônibus, metrô, trem, no trabalho e também à noite. Preciso de músicas que se afinem com todas essas situações.

A noite quando vou sair sem carona, gosto de escutar Dead Kennedys, Husker Du, Madness, Ramones. Coisas mais pesadas, que me deixam mais ligado, esperto, na adrenalina.

Do Dead Kennedys, meu preferido é Plastic Surgery Disasters, que eu babo só de escrever, mas quando vou sair gosto de escutar Frankenchrist. Foi um disco muito aguardado na época, em 1985. Antes dele a banda havia lançado o Plastic em 1982. E escutar esses discos sendo lançamento era demais! Não que saía e a gente já escutava. Levava um bom tempo até alguém ir pra gringa e comprar. Esses dois discos eram muito executados quando íamos para as baladas em Brasília. Fita cassete no carro e rolés, muitos rolés. Todas as músicas são clássicas, difícil citar. Um abre com “Government Flu” e outro com “Soup is a Good Food”. E eram escutados do começo ao fim, várias vezes seguidas. O rock de Brasília deve muito, mas muito, ao DK. No tocador Dead Kennedys tem a discografia toda. Nunca sai.

Isso é até importante dizer: não fico mudando de som o tempo todo, não fico escutando coletânea (só em ocasiões especiais). Costumo escutar o disco todo e, geralmente dessas bandas preferidas, o playlist tem mais de um disco. Costumo sim, algumas vezes fazer coletânea da mesma banda.

Husker Du é outra paixão. New Day Rising, Flip Your Wig, Candy Apple Grey, Warehouse… Apesar de ultra famosa, quase não conheço gente que goste. Até saiu aqui no Brasil o Candy e o Warehouse. Husker Du é para aqueles dias que você sabe que vai ser legal pra cacete! “Standing in The Rain”, “New Day Rising”, “Friend, You’ve Got To Fall”, “Dead Set on Destruction”… são várias. Bob Mould e Grant Hart ficavam disputando quem compunha músicas mais legais e quem se deu bem fui eu kkkkkkk.

Madness é outra que é não só pra balada, mas também pra pré balada. No banho, se trocando. É pra dançar. One Step Beyond e Absolutely podem rolar inteiros em uma festa que está tudo ok. São esses dois que também são permanentes.

The Cure é outra. Só vou trocando os discos, mas está sempre lá. São várias fases, então escuto e troco os discos de acordo com o estado de espírito. São vários meus discos favoritos, então a cada semana tem dois ou três diferentes. Disintegration é recorrente. Ouço muito também o CD1 da caixa Join The Dots e a coletânea de singles Staring at The Sea. Como seus discos são diferentes de acordo com as fases da banda, Cure acaba servindo - ainda bem - para qualquer ocasião. Gosto de Cure em dias nublados, dias de preguiça, dias em que saio de casa ainda com sono. A banda me traz lembranças dos meus 3 cantos: Brasília, Piracicaba e São Paulo. Cure é pra rir ou chorar ou dançar, então é sempre bom ter algo da banda na manga.

Como o Dead Kennedys, a discografia do Pixies é permanente. Doolittle é meu preferido. Foi ele que minha irmã trouxe após uma viagem feita em 1989, logo após seu lançamento. Escutei muito naquela época, e ainda o escuto muito. As misturas de guitarra com violão, o espanhol com inglês, as linhas de baixo. Teve uma fase, no início dos 90, que eu ia para o cursinho a pé com walkman, e Pixies era na ida e na volta. Além de ter os discos em fita, eu tinha uma coletânea que fiz.

Ramones é outra que está sempre lá, mas com troca permanente de discos. Nesse momento em que escrevo esse texto, por exemplo, tem Road to Ruin e Halfway to Sanity. Dois discos completamente diferentes, um de 1978 e outro de 1987, mas que são bastante significativos pra mim. O Halfway eu escutei um dia após ter sido lançado. Um verdadeiro privilégio! A troca de discos também vai de acordo com o estado de espírito. Mas dos anos 80 sempre ponho Too Tough to Die, Animal Boy e Halfway. Do Ramones fico mais a vontade pra falar porque sou praticamente um Ramone kkkkk. Em 1982 eu comprei inacreditáveis edições nacionais do End of the Century e Pleasent Dreams.

Antigamente eu ficava em casa gravando vinis, fazendo coletâneas, fazendo cópias de fita pra fita. Hoje meu barato é ficar escolhendo o que vai pra dentro do tocador, porque gosto de ir trocando o playlist, e o desafio é fazer um que dure por, no mínimo, uma semana.

Aqui citei algumas bandas antigas, falei só de rock, mas tenho também muita coisa nova e mais recente, e que não é necessariamente rock, mas que falarei depois.



14 de novembro de 2014

Brasília e o Rock

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24/04/2018
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É muito difícil explicar Brasília em palavras, ainda mais a Brasília dos anos 1970 e 1980. Moderna e atrasada ao mesmo tempo. Clima quente e seco.

A energia é diferente, o céu parece que dá pra pegar com a mão. Até a primeira metade dos 80 a sensação era de uma cidade deserta. O Plano Piloto não era todo ocupado, e a Asa Norte ainda estava em construção.

Quando cheguei à cidade, em 1973, não havia página policial no jornal. Você saía do carro pra fazer compra e deixava as janelas abertas, por causa do forte calor. Nos blocos das superquadras as portas das plumadas ficavam abertas. Nem existia interfone, que só foi aparecer no início dos anos 80. (pra quem não conhece Brasília é como se o prédio tivesse dois blocos de entrada que ficam abertos o dia todo)

Era muito espaço pra pouca gente. Era muito asfalto pra pouco carro. Era um ar de interior, mas com gente vinda do mundo inteiro. Não tinha o que fazer. Não tinha shopping (o Conjunto Nacional nunca foi considerado shopping!), tudo fechava no máximo as 22h. Algumas vezes, quando a noitada se esticava até alta madrugada, íamos ao Aeroporto para tomar um café, porque ali tinha a lanchonete que ficava aberta 24 horas. Teve época que os postos de gasolina fechavam as 20h, e é por isso que a Turma tinha o costume de roubar gasolina dos carros.

Aborto Elétrico
É bom explicar também, que naquela época os horários eram outros. Duas horas da manhã já era tarde pra cacete, muito tarde!!! Quatro da manhã então, nem se fale! Não à toa Renato escreve em “Eduardo e Mônica”, quando Eduardo está na festa e fala “é quase duas e eu vou me ferrar”.

E se duas da manhã já era tarde em qualquer cidade do país, imagine então em Brasília! Se na hora do rush a cidade já era vazia, o que dizer então às três da manhã!!!

Não existia casa noturna, lanchonete, boteco ou qualquer outra coisa que fosse feito e pensado para os jovens. Tinha, sim, diversão para os playboys. O Gilberto Salomão era o lugar dos playba, e ali tinham barzinhos e até boate. Mas era lugar exclusivo para Mauricinhos e Patricinhas. O jovem que não fosse desse universo, não tinha espaço. Os roqueiros então! Marginais, drogados, rebeldes, difíceis, broncos, perigosos. O roqueiro era isso e muito mais!

Mas o rock salva e salvou um bocado de gente nessa Brasília diferente e entediante! Roqueiro era minoria, era excluído.

Escola de Escândalo
O pessoal da Turma da Colina incomodava porque não ficava quieto no canto, diferente de outras gerações de bandas e de outras bandas que existiam na mesma época. Ela era uma célula viva e sofria de superatividade kkkk. Nessa morosidade que era Brasília, uma banda de rock tocar música rápida e agressiva na calçada era coisa de outro mundo. Todos eram ETs.

Até por isso que na capital não havia a rixa que tinha em SP, por exemplo, entre punks e headbangers. Em BsB eram todos amigos. Não só em Brasília, mas nessa época, digo os 1970 e 1980, era realmente diferente ser roqueiro, skatista, surfista ou ator.

Não havia uma boa rádio, salas de cinema com boa programação (quase nem havia sala de cinema), eventos, um point diurno ou noturno. Então era fácil ser visto como marginal porque, não tendo nada pra fazer, ficar na rua até cinco da manhã era coisa de marginal, afinal, fazendo o quê na rua até essa hora? E a Turma era assim mesmo, fora da casinha, porque ficava até tarde na rua, escutava e fazia um rock barulhento e rabugento, tocava na calçada, usava calça rasgada e cabelo colorido. Provocava, mas sem usar violência, pelo contrário.

Havia o desejo de receber apoio do governo local, da Secretaria de Cultura do Distrito Federal, mas nada acontecia. Mesmo que você possa ver logotipo do governo em cartazes de shows da época, não havia qualquer tipo de apoio.

O governo local cagava e andava para Legião Urbana, Capital Inicial, Plebe Rude, Escola de Escândalo, Elite Sofisticada, Detrito Federal e outras. Isso só foi mudar após o sucessos dessas bandas quando já estavam fora de Brasília. Não à toa que Renato Russo, Dado, Bonfá e Negrete ficaram putos ao ver cartazes espalhados pela cidade escritos “o Governo do Distrito Federal Saúda a Legião Urbana”, quando eles foram tocar no fatídico show do Mané Garrincha. Quando não se precisava mais do Governo lá estava ele querendo ganhar simpatia as custas do rock que tanto desprezou.

A Turma da Colina foi pioneira e, com um facão na mão, abriu caminho para outras gerações.

Dá pra dizer assim: que a Turma da Colina foi a filha rebelde de Brasília. A ovelha negra da capital, mas que deu certo e calou a boca de muita gente.

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1 de novembro de 2014

Rock Brasileiro: 6 - Propagandas

Bizz, agosto 1986
Entre fevereiro e novembro de 1986 o Brasil teve um boom de consumo impulsionado pelo Plano Cruzado, um plano econômico doido em que todos ganhavam com a inflação. Os supérfluos nunca foram tão consumidos quanto nesse curto período que pareceu eterno enquanto durou.

Muita gente saiu ganhando com isso. Para o bem ou para o mal. Aqui, no caso, foi para o bem, já que estou falando de música, de rock.

Para se ter uma ideia, Luis Calanca, da Baratos Afins, editou e lançou o vinil do Akira S e As Garotas que Erraram apenas com metade da capa. A meia capa se completava com um plástico transparente protetor, e junto vinha um papel com a ficha técnica, etc.

Isso porque não havia matéria-prima para a produção de vinis, capas e tudo que ia no produto final.

Isso aconteceu por causa do RPM que vendeu como água o Rádio Pirata ao Vivo. Papel, máquinas, vinil, tudo para o RPM. Esse disco, inclusive, antes de ser lançado já havia vendido 600 mil cópias (nº de pedidos das lojas). A banda vendeu horrores em um curto espaço de tempo, assim como o Mamonas nos anos 90.

Por conta disso aconteceu de muitos discos de bandas e artistas, incluindo os internacionais, serem lançados com uma qualidade inferior ao tradicional, sem encarte, sem nada especial. As gravadoras ganharam rios de dinheiro. O rock era a bola da vez e toda gravadora tinha em seu casting ao menos duas bandas de rock. Gastava-se o mínimo para produzir e lucrava de monte!

Em se tratando de contrato entre gravadoras e artistas, cada caso é diferente. Há cláusulas que dizem respeito a divulgação e, por isso, havia artista que tinha assessoria de imprensa e mais exposição na mídia que outros. Entrevistas, rádios, televisão, revistas e jornais. Além disso, havia também a obrigação de se bancar propagandas em veículos impressos.

Imagine: os juros das aplicações financeiras eram enormes. Ganhava-se muito, por exemplo, com poupança. Então imagine o quanto de dinheiro que sobrava para as gravadoras! Não à toa, nesse abastado período, havia montes de propagandas, e a publicação que concentrava mais a atenção das gravadoras era a revista Bizz, da Editora Abril.

Curioso, fui dar uma olhada na minha coleção das revistas Roll e vi que, principalmente entre 1983 e 1985, praticamente não há propaganda de lançamentos nacionais, salvo raras exceções - há uma propaganda coletiva da Warner de 1983 em que já há nomes nacionais como Titãs, Ultraje, Lulu Santos, etc. Há, sim, muita propaganda de artistas internacionais: Rod Stewart, Smiths, U2, Tears For Fears, Talking Heads, Dire Straits, The Cure, David Bowie e zilhares de outras.

Infelizmente não tenho muito material do período entre 1988 e 1990 para uma comparação, mas pela situação que ficou o país pós Plano Cruzado 1 e 2, e pelas poucas revistas que tenho desse período, as propagandas diminuíram. As gravadoras até apostaram em novas bandas, mas a economia destruía cada vez mais o futuro do país. Gueto, Nau, De Falla, Inimigos do Rei, Conexão Japeri, Nenhum de Nós, Kongo, Picassos Falsos, Hojerizah... Porém não houve força.

O dinheiro do consumidor sumiu, e se a essa altura já estava difícil comprar o básico, imagine então comprar um vinil ou ir a um show...

Anterior a Bizz, de artistas nacionais, só vi propaganda do Paralamas (Selvagem?) e a da Warner (que postei aqui também). Desse período de bonança, veja só, haviam propagandas inclusive de artistas que não eram do 1º escalão. Recentemente lendo revistas mais atuais, em algumas não havia nada, apenas propagandas de artistas internacionais. A única que vi foi do trabalho novo da Pitty, o Setevidas. Há muita propaganda de roupa, carro, operadora de celular, calçados, etc.

Em se tratando de importância, como comparação, cada uma em seu tempo, Roll e Bizz foram nos anos 80 o que a MTV foi nos anos 90. Hoje nenhuma publicação especializada tem sequer 1/10 da importância que as duas tiveram. O prêmio Bizz era tão aguardado quanto um dia foi o VMB nos 90.

Se aparecer nessas revistas era tudo que o artista queria, imagine então o que era ter nelas uma propaganda de seu disco ou turnê!


Bizz, março 1987
Bizz, abril 1986
Bizz, agosto 1987
Bizz, julho 1986
Bizz, dezembro 1986
Bizz, fevereiro 1987
Bizz, agosto 1987
Bizz, novembro 1986
Bizz, dezembro 1986
Bizz, outubro 1986
Bizz, maio 1987
Bizz, março 1987
Bizz, agosto 1987
Bizz, julho 1986
Bizz, julho 1986
Bizz, maio 1987
Bizz, julho 1986
Bizz, novembro 1986
Pipoca Moderna, janeiro 1983
Roll, dezembro 1983
Bizz, novembro 1986
Bizz, maio 1986

27 de outubro de 2014

Rock Brasileiro: 5 - Parabéns aos 59 Anos do Rock no Brasil

Parabéns ao rock brasileiro pelos seus 59 anos!

E lá se vão quase seis décadas desde que Nora Ney gravou o primeiro rock aqui no Brasil. E pra quem gosta de dizer que não existe rock no Brasil, é prato cheio falar que o primeiro rock gravado aqui foi cantado em inglês. A música gravada foi “Rock Around the Clock” e o motivo era o lançamento do filme no país. A gravação aconteceu em 24 de outubro de 1955 e, pouco mais de um mês depois, o compacto estava em primeiro lugar em vendas no eixo Rio-SP.

A data é até legal, mas se tivesse alguma importância para alguém. E veja só como são as coisas: postei no Facebook um pequeno texto a respeito dessa data, um amigo que mora em Londres compartilhou escrevendo um texto em inglês e veja só, os ingleses curtiram muito mais a história do que os brasileiros. Não só curtiram como também fizeram ótimos comentários.

Casa de ferreiro, espeto de pau.

O rock no Brasil pode ter uma história toda cheia de buracos, como já escrevi aqui, mas é recheada de coisas boas e fatos importantes.

Quando o país passava por uma transição entre o regime militar e a volta da democracia, era o rock a bola da vez. Foi ele que ajudou a levantar a bandeira para a reconquista da liberdade de expressão.

Muitos podem me xingar, aí é uma questão de gosto, mas não sou muito chegado a jovem guarda. Ela teve sim sua importância, mas ao meu ver foi uma importância efêmera, que serviu para aquele momento. Não deixou legado. São poucos os artistas que surgiram pós JG que se dizem, de certa forma, influenciados por ela. Lembro de ver Roberto Frejat, Roger Moreira e mais um ou outro falando dessa influencia, mas certo é que, mesmo sem ela, essas bandas iam existir. Ou seja, há a influencia, mas não é fundamental para a música que fizeram ou fazem.

Tirando as composições da dupla Erasmo e Roberto Carlos, não se houve dizer sobre a influencia de outros artistas. Nunca vi ninguém dos 70 ou 80 dizer sobre Vips, Jerry Adriane, Renato e Seus Blue Caps, The Fevers, Deni e Dino, Os Incríveis, Martinha ou Wanderléia.

Não estou querendo ser grosso ou desmerecer, apenas atesto um fato. O underground da jovem guarda tinha coisas bem interessantes.

O rock progressivo / psicodélico brasileiro, que veio logo a seguir, não teve qualquer influencia da geração anterior. Gravadoras, mídia, locais de shows e ensaios, programas de TV ou rádio... Não houve qualquer ligação entre uma geração e a outra.

A mesma coisa aconteceu entre a geração 70 com a geração 80. Não houve qualquer ligação, a não ser o fato de muitos músicos dos 70 tentarem a carreira também nos 80 com novas bandas e propostas. Lulu Santos, Lobão, Ritchie e Herva Doce, entre outros, são bons exemplos de nomes dos 70 que invadiram os 80. Certo eles que logo perceberam a mudança de comportamento vindo com o punk, pós-punk e new wave.

Ligação de fato existe entre a geração 90 com a geração 80. Da geração 90 ouve-se ela se dizendo influenciada por diversas bandas dos 80, inclusive as do underground, como Fellini, Smack e Mercenárias.

Gravadoras e mídia especializadas nunca se preocuparam com a história. Sempre se preocuparam, sim, com o momento, sem pensar em passado ou futuro. Em um país pobre como o Brasil, fica difícil se preocupar com a história, principalmente em se tratando de cultura pop. Se coisas mais relevantes, como política e comportamento, são deixadas de lado, imagine então as artes!?!?!

Trabalho com algumas pessoas que tem entre 22 e 28 anos. Nenhuma delas conhece e nunca ouviu, por exemplo, “Rock da Cachorra”, de João Penca e Eduardo Dusek. Mas não só isso, não conhecem músicas fundamentais do repertório de Titãs, Cazuza, Barão Vermelho, Ira!, Paralamas. Eu fico embasbacado com isso.

Mas muito disso não é só culpa das pessoas que não procuram saber da história, é culpa da mídia e outros veículos. Culpa das gravadoras que não fazem a mínima questão de preservar seus acervos, deixando de relançar discos fundamentais para nossa história (mais uma vez aqui enalteço o trabalho feito por Charles Gavin, não só ao rock, mas a toda mpb!). Culpa das rádios, revistas, sites e jornais que não estão nem aí para a história do país, preferindo a comodidade de apenas lembrar o básico como a morte de Cazuza, Raul Seixas, Renato Russo, Chico Science (sempre morte!). Em relação as coisas do nosso país, elas se restringem a apenas essas datas, porque em se tratando de EUA e Europa, tudo é lembrado: de Michael Jackson a Kurt Cobain tudo é comemorado por aqui, mas não só a morte deles, mas sim lançamento de discos e outras datas históricas. Todos, claro, comemoram o dia 13 de julho, dia mundial do rock.

A desculpa é sempore a mesma: mas é isso que as pessoas querem ver. Mas as pessoas só querem ver isso porque é só isso que se mostra! Nesse caso, justificar a comodidade é o cúmulo do desdém e da preguiça.

Como mostro aqui no Sete Doses de Cachaça, a história do Rock Brasileiro é muito mais que meia dúzia de datas comemorativas. Curiosidades e fatos marcantes existem de montes, mas a comodidade toma cada vez mais conta de quem pode fazer algo pela história. As redações e produções estão cada vez mais cheias de gente que nada sabe, e isso muito por conta dessas faculdades de fundo de quintal que tomaram conta do país. Hoje a cada esquina há uma faculdade e delas saem péssimos profissionais.

A história do rock brasileiro é rica e cheia de fatos bacanas, pena que ninguém saiba aproveitá-los.

Hoje estamos nas mãos da Geração Copy Paste e, pelo que parece, ficaremos assim por muito tempo.

PS: Será que ano que vem algum veículo especializado irá comemorar, de alguma forma, os 60 anos do rock brasileiro? Duvido, até porque essa data é desconhecida, sempre fora ignorada e apenas eu lembro dela.