4 de dezembro de 2013

Série Coisa Fina: 20 - Wilko Johnson

Wilko Johnson é um dos pais do punk. O rock moderno muito deve a ele. Um de meus grandes ídolos. E que aqui faço minha homenagem com muito prazer.

Você que gosta de punk rock e do rock que surgiu influenciado por ele, as bandas dos 80, dos 90 e até bandas mais atuais como Strokes e Hives, então você gosta de Wilko Johnson mesmo sem conhecê-lo.

Wilko é fodão e mora longe. Para os ingleses é uma entidade (para os fãs também). É um guitarrista de mão cheia, bom gosto, técnica única e dono de composições que arrepiam até o último fio de cabelo. Ele é desses casos de artistas que são super influentes, mas pouco citado na grande mídia. Wilko Johnson está morrendo. Wilko Johnson já deveria ter morrido.

Johnson tem câncer terminal no pâncreas, diagnosticado em dezembro de 2012. Se recusou a fazer quimioterapia, armou uma turnê de despedida e caiu na estrada. Os shows chegavam a ter entre 2h30 e 3h de duração e era clássico atrás clássico. Ele não quis fazer quimio, não por ser um rebelde sem causa, mas porque o tratamento pouco faria pela sua doença além de esticar em alguns meses sua estada aqui na terra. Os médicos tinham lhe dado 10 meses de vida, e já está no extra bonus. Não é à toa, pois Wilko já afirmou que 2013 foi um dos melhores anos de sua vida e que tem se divertido demais, além do que poderia imaginar.

Ele foi o gênio por trás do Dr. Feelgood (claro que sem tirar os méritos de Lee Brilleaux). As principais composições são dele e o estilo da banda é por conta de seu jeito único de tocar. Wilko não usa palheta. Ele toca com todos os dedos da mão direita ao mesmo tempo, fazendo movimento incessantes de cima pra baixo, sempre batendo em todas as seis cordas. Com a mão esquerda faz o acorde firme ou segura o acorde para abafá-lo e ainda faz pequenas frases, mas sempre com os dedos. Além de fazer os acordes com os quatro dedos da mão esquerda, também usa o polegar para segurar a corda Mi. É incrível, simples e diferente. Além disso, o timbre que ele usa também é perfeito para seu jeito de tocar. É o rock blues mais potente dos anos 1970.

John Peter Wilkinson é inglês e nasceu em 12 de julho de 1942. Comprou sua primeira guitarra nos anos 1960 e no final dessa década já tocava na banda que viria a ser o Dr. Feelgood. Gravou com a banda nos quatro primeiros discos: Down By The Jetty, Malpractice, Stupidity (ao vivo) e Sneakin' Suspicion. Somando as músicas gravadas nos três discos de estúdio, são 33 ao total. Dessas, 20 tem a assinatura de Wilko, incluindo todos os grandes clássicos da banda.

Em 1977 após gravar Sneakin' foi expulso por causa de discussões em torno do repertório desse disco. Formou nova banda, a Solid Senders, e lançou um disco com esse nome em 1978. Nesse mesmo ano se juntou a Ian Dury & The Blockheads, o que foi maravilhoso!!! Ficou com Ian até 1980 e depois foi seguir carreira solo.

O jeitão de Wilko ao vivo inspirou, e muito, as bandas punks inglesas. Não parava no palco indo pra frente e pra trás freneticamente, além de fazer muitas caretas e arregalar os olhos... Johnny Rotten do Sex Pistols roubou todos os trejeitos possíveis de Wilko, principalmente a cara de louco que fazia.

Paul Weller, J.J. Burnell, Joe Strummer e tantos outros grandes nomes do rock sempre trataram Wilko como um grande ídolo, uma referência. Seu disco mais recente é o Red Hot Rocking Blues, um apanhado de clássicos do blues e rock. Tem Fats Domino, Chuck Berry, Bob Dylan... grande trabalho. Seus discos solos são bons e tem discos que são até melhores que alguns do Dr. Feelgood lançados nos 80.

Assim como Oscar Schmidt aqui no Brasil que anunciou seu câncer e passou a ir a diversos programas, ganhar homenagens, dar entrevistas, Wilko Johnson tem feito a mesma coisa. Recebeu algumas homenagens e prêmios, um deles entregue por Jimmy Page.

Sua turnê acabou e atualmente ele prepara um disco de despedida junto com Roger Daltrey. Sim! Um discaço que desde já torço para sair antes de Wilko partir. 





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