23 de setembro de 2012

Série Coisa Fina: 15 - Boys & Girls (Alabama Shakes)

Como já afirmei aqui no blog, não sou daquelas pessoas desesperadas que buscam novidades a cada segundo. Em junho fui apresentado ao Alabama Shakes por Anne Minvielle da Groupie Cultural, que falou bem da banda e disse que eu poderia gostar. Em uma madrugada cheguei em casa, liguei o computador e baixei o disco Boys & Girls, o primeiro da banda, lançado em abril.


Ao mesmo tempo em que baixava, abri o You Tube e assisti ao vídeo de “Hold On”. Chapei! Meu Deus, o que era aquilo? O que era aquela garota cantando muito e mandando ver uma guitarra base nervosa em uma SG? O que eram aqueles caras tocando com ela?

Coloquei o disco pra ouvir e chapei mais ainda. Rock, soul e blues. Na hora me veio pub rock na cabeça. Puro pub rock feito nos EUA e em 2012! A simplicidade, a sonoridade crua, limpa, vi ali o tesão deles (principalmente da ultra mega power talentosa Brittany Howard, que em outubro completará 25 anos) em fazer o que se estão fazendo.

Não há nada de diferente no som do Alabama e por ser simples assim, e direto, é que faz ele ser diferente de tudo que escutei nesses últimos anos.

O Alabama Shakes tem personalidade exatamente por fazer um som simples e sincero, ainda mais hoje quando todo mundo quer fazer caras e bocas, bandas com 9 pessoas, 2 vocais, 3 guitarras, DJ; ou artistas que gravam um disco com 4 produtores diferentes, figurino, maquiagem, postura ensaiada, o culto a celebridade. São caipiras vindos de uma cidade pequena, sem o desespero de tocar para milhões de pessoas. Brittany cita Elvis e Bon Scott... só coisa fina...

Até no visual a banda é simples. Ninguém tem cabelo ou penteado diferentes, ou usa roupa descolada, nada disso. Nesse aspecto não chamam atenção alguma, pelo contrário, nem parece que fazem o som fazem, e nem que são músicos. São caipiras típicos. Athens é uma cidade que tem média de 22 mil habitantes (mais ou menos a população de Palmital – SP), com pouco mais de 7 mil famílias, ou seja, uma cidade minúscula. A própria banda diz que nem há lugares para se tocar por lá.

O impacto que Boys & Girls causou em mim, foi o mesmo ao escutar Let Love Rule, de Lenny Kravitz, em 1989, lançado em um momento em que o cenário rock estava em baixa, enquanto grupos de música eletrônica invadiam as pistas. Em um momento meio confuso surgiu algo simples e sincero. Da mesma forma acontece agora com Alabama Shakes.

Alguns amigos escutaram e não acharam nada de mais, e pode não ser mesmo, mas eu vi sim algo a mais no grupo. Acho difícil ele não fazer outros bons trabalhos, mas se não fizer, não tem problema. Boys & Girls já é um grande disco!













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