10 de agosto de 2011

Tecn-O-ver

Nasci em 1970 e mesmo sendo jovem já passei por diversas revoluções. Certamente a mais importante delas e a tecnológica. O que vivemos nos últimos 10 anos foi intenso, marcante. E o melhor (ou pior): ainda vivemos essa revolução tecno que, acredito eu, ainda será intensa pelos próximos 10 ou 20 anos. São descobertas diárias. Lembro que em 1984 fiz um estágio na SERPRO e achava tudo muito estranho. Aqueles computadores, a linguagem Basic (Go to...), eu olhava tudo aquilo com desconfiança e nem imaginava que um dia teria um computador em casa. Pra mim, computador era coisa da Nasa e só.

Se pensarmos em site, e-mail, MP3, Napster, You Tube, celular até chegarmos nos atuais dispositivos móveis, você verá que tudo isso aconteceu em pouco mais de 10 anos. Apenas 10 anos!!!! O You Tube foi inaugurado em fevereiro de 2005, ou seja, tem pouco mais de 6 anos, mas parece que o You Tube sempre existiu.

Comecei a trabalhar com 15 anos, e o computador só foi entrar na minha rotina profissional em 1997-98. Aos poucos a tecnologia, que era privilégio apenas das grandes empresas, passou a fazer parte das médias e pequenas também, até finalmente chegar a todas as casas. Quando penso em internet discada, parece que volto 30 anos.

Ainda fico boquiaberto de pensar que temos um aparelho que cabe em nosso bolso e que é telefone, câmera de foto e vídeo, computador, agenda, despertador, tocador de música, rádio, televisão... Coisa dos Jetsons!

Site, blog, Orkut, Facebook e Twitter. A forma virtual de se comunicar também evoluiu e essa evolução continua firme e forte. Porém vejo que parecemos àquela criança que ganha o presente desejado e não o larga nem na hora de dormir. Anos atrás li uma matéria sobre as pessoas que ficavam depressivas e inseguras por não receber e-mails, torpedos e ligações no celular. Recentemente li que existem pessoas que acabam de transar e já pegam o IPad para usá-lo; e de gente que fica mais preocupada em fotografar e relatar no twitter o lugar onde está do que simplesmente se divertir. As pessoas estão ficando paranoicas!

Em um feriado no início do ano fui a um restaurante com toda a família. Era um almoço, a cidade vazia, dia agradável. Num chutômetro digo que das 20 mesas ocupadas, apenas umas 5 não tinham alguém mexendo em seu aparelho, seja IPhone ou IPad. Em 100% dessas mesas praticamente não havia diálogo algum.

Já vi jogadores de futebol, mais velhos, reclamar da falta de diálogo nas viagens e concentrações, tudo por conta do lap top, do celular, do twitter ou do vídeo game. É realmente estranho esse comportamento. Entro no ônibus e vejo pessoas com celular na mão fuçando no Facebook. Isso porque acabaram de sair do trabalho, onde ficaram o dia inteiro em frente ao computador e, claro, conectados nas redes sociais. Se fosse apenas escutando música ou rádio...

Ninguém mais relaxa, se desliga de toda essa tecnologia para simplesmente se divertir em uma mesa de bar, em casa com amigos, num cinema, viagem, enfim.

Tenho dois amigos que, quando viajamos, eles ficam conectados no desktop, lap top ou IPhone. Todos a noite assistindo a um filme ou numa roda de conversa com bebidas e petiscos e os dois concentrados em seus aparelhos. Outros amigos ficam recebendo pelo celular sinais de e-mails, postagens em Twitter e Facebook, uma verdadeira paranoia. A pessoa vê um programa de televisão com o IPhone ao lado, e a cada coisa que acontece e alguém tuita, o celular faz plin, e lá vai ela ver o que escreveram. Geralmente isso acontece com mais intensidade quando é programa ao vivo ou jogo de futebol.

Fico me perguntando se isso é de fato paranoia, é o comportamento humano que mudou, é doença, vício, exibicionismo, solidão. Eu quero acreditar que seja uma adaptação, como um deslumbramento inicial. Observo essa troca entre o seguido e o seguidor e sinto uma ansiedade de quem posta e de quem lê. Qual motivo dessa ansiedade? Porque querer escrever qualquer coisa e querer ler qualquer coisa?

Até os grandes veículos de comunicação estão perdidos com tantas ferramentas. A margem para erros está muito grande. Qualquer coisa vira notícia. Parece que é obrigação transformar qualquer coisa em notícia. Todo mundo em busca de um furo, uma exclusividade, quando hoje isso está cada vez mais difícil. É preciso ter calma.

É preciso entender que hoje temos na mão um monte de tecnologia que não faz diferença alguma para nossa sobrevivência. Se não existisse computador, celular, internet, televisão, rádio e outras coisas do tipo, estaríamos vivendo nosso dia a dia normalmente: trabalhando, estudando, viajando, namorando, conversando, se divertindo... tudo normal.

Dizem que quanto mais gente na cidade, mais solidão sentimos. Quanto mais tecnologia mais solidão?



2 comentários:

Adriele disse...

É... a tecnologia já é a extensão do homem! Daqui a pouco vamos nos deparar com festas em que será proibido entrar com celular para assim haver interação com as pessoas do local... hehehe

Paulo Marchetti disse...

Oi Adriele. Sabe que já existem dispositivos móveis nos quais você pode entrar em salas de bate papo em pleno bar. Ou seja, agora vai todo mundo na mesa de bar ficar de olho no celular em conversas virtuais. A paquera não será mais olho no olho. Será tecla na tecla... rsrs.
Lembrei também de uma cena do filme O Juiz com Silvester Stalone e Sandra Bullock, em que os dois vão transar e, quando Stalone chega perto dela, ela diz que ele tem que colocar um capacete, pois não há contato físico durante a relação sexual... Credo, vamos chegar lá...