24 de fevereiro de 2011

Série Anos 1990 SP: 12 - Filosofia Barata Sobre o Final da Década

Eu e Gastão no estúdio Be Bop
Este é o último post da série que começou em julho de 2010. Minha vontade, ao criá-la foi de registrar o período das bandas que cantavam em inglês e a quente cena das casas noturnas da época.

Um período engraçado por ter tantos espaços para tocar, mas ao mesmo tempo tudo sendo de certa forma desperdiçado pela maluquice das bandas em visionar o mercado internacional.

Foi tudo uma questão de dinheiro, coisa que ninguém tinha até a mudança de plano econômico. Assim que ele reapareceu, as gravadoras voltaram a investir, mas jamais fariam isso com uma banda brasileira metida a americana.

Okotô no Aeroanta
Parece que tudo já estava escrito e articulado, porque ao mesmo tempo em que o dinheiro voltava a circular, artistas como Raimundos, mundo livre s/a, Skank, Chico Science & Nação Zumbi, O Rappa, Planet Hemp, Pato Fú surgiram para a mídia e logo as principais gravadoras os contrataram. Essas bandas, quando underground, não faziam parte dessa cena paulistana. A maioria delas ou seus integrantes já tocavam nos anos 1980, e todas elas sempre cantaram em português.

Num piscar de olhos era como se nada daquilo que aconteceu entre 1990 e 1995 tivesse existido. De um segundo para outro tudo havia mudado. Aquelas bandas americanas que tanto lutaram para ter um espaço na MTV, nas rádios e revistas sumiram em menos de dois anos e os artistas que citei no parágrafo acima invadiram toda mídia. Era como se tivéssemos entrado em uma nova década. Mas não era!

Raimundos no Pacaembú
 Não que essa primeira metade da década tenha sido nebulosa, nada disso. Foi maravilhosa. Mas era impossível ver a luz no fim do túnel principalmente em anos como 1990-91-92. Depois a luz começou a surgir e, em 1995, chegou o fim do túnel e quem aproveitou isso não foram as bandas do underground que cantavam em inglês.

De repente estávamos em 1995-96-97 e novos horizontes surgiram. A noite paulistana também mudou, o Jardins deixou de ser o centro da noite, a Vila Madalena se fortaleceu com novos bares como o Superbacana, Torre do Dr. Zero, Empório Cultural, Diretoria, Brancaleone e outros. Der Temple e Retrô ficaram para a história assim como o Dama Xoc, Aeroanta e Garage. A Warner incorporou o Banguela, a Tinitus fechou e todas as gravadoras passaram a querer ter seu próprio Raimundos e CSNZ.

Yo Ho Delic
Em 1997 toda a rapaziada que gostava de grunge e das college radios americanas cortou o cabelo e foi atrás das novas tendências. Lembra do que falei a respeito da falta de personalidade? Era a vez de valorizar a música brasileira.

Em 1998-99 a TV a cabo já estava bastante difundida, em todos os escritórios já havia internet, que também estava chegando em todas as casas, mas ainda discada. Como as coisas mudaram de 1991 para 1999!
Massari e Johnny Monster
A cena underground mudou e já não tinha mais a mesma energia do começo da década. O Juntatribo acabou, o Superdemo também e o Abril Pro Rock cresceu e mudou. Muitas bandas do interior paulista sumiram e o fato era que a geração 1990-95 estava crescida, se dispersou e cada um foi cuidar da sua vida.

Isso aconteceu mesmo com quem não tocava, com todo o pessoal que frequentava os mesmos lugares, todos foram crescendo e tomando rumos diferentes. Claro que muitos ainda se viam pelos bares da Vila Madalena ou algum show, mas já era outra história.

Foi uma delícia viver tudo isso!

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