12 de agosto de 2010

Prêmio Museu da Música Brasileira

Antes de tudo que fique claro aqui que eu gosto muuuito de MPB. Gosto de Caetano, Chico, Gil, Maria Bethânia, Tropicália, Vinicius de Morais, Ney Matogrosso, Zé Ramalho. Tenho muitos discos de todos esses artistas que falei e muitos outros como Almir Sater, Helena Meirelles, Rolando Boldrin, Tonico e Tinoco, Tim Maia, 14 Bis. Fora que já fui a muitos shows desses artistas.


Fato é que nessa 4ª feira, dia 11 de agosto, aconteceu mais um desses prêmios de música. É aquela velha ladainha dos artistas se encontrarem, para um rasgar a seda para o outro, entrevistas, tapete vermelho, protocolos, roupas chiquérrimas, e muita badalação para absolutamente nada.


Eu digo que esse prêmio de ontem foi sim uma vergonha nacional, um constrangimento só.


Digo mais, esse prêmio deveria se chamar Prêmio Múmias da Música Brasileira ou Prêmio MPB 1970 ou Prêmio Tirando o Pó da Estante ou Prêmio MPB Nada de Novo ou Prêmio Foda-se a Renovação.


Fica difícil escolher um entre esses nomes, porque qualquer um se encaixaria perfeitamente no que aconteceu nessa 4ª feira. Pra mim o melhor seria Prêmio Foda-se a Renovação.


Não dá pra entender como na categoria Canção onde havia três escolhas, as três serem de interpretação de Maria Bethânia. Só existe ela no Brasil?


Rica como é nossa música, não entendo o motivo pelo qual há apenas três escolhas para cada categoria. Quem é otário?


A melhor dupla sertaneja ganhou os novatos Zezé Di Camargo & Luciano. Até entendo já que Vitor & Léo e Edson & Hudson são veteranos, estão aí desde a década de 1960 e já ganharam muita coisa. Isso sem falar que Edson & Hudson já era, não existe mais!


O duro foi escolher o melhor cantor entre Caubi Peixoto, Fagner e Zeca Baleiro. O certo seria não entregar o prêmio a nenhum deles.


Melhor disco de MPB foi para Maria Bethânia, assim como Melhor Cantora também. O melhor cantor foi Ney Matogrosso. Como não havia prêmio MPB em 1973, então resolveram dessa forma. Mas não é que se não tivesse sido eles, poderia ter sido algo inovador. Não! Concorrendo com eles estavam nomes como João Bosco e Nana Caymmi.


Mas agora há uma super categoria moderna e inovadora: Pop/Rock/Reggae/Hip Hop/Funk. Sensacional! Em melhor disco dessa categoria moderna estavam concorrendo Caetano Veloso, Zélia Duncan e Erasmo Carlos. Ganhou Erasmo, afinal seu disco se chama ‘Rock’n’Roll’ e isso ajudou pacas as pessoas votarem no certo. Óbvio que numa categoria pop/rock ganhe um disco chamado Rock’n’Roll. Essa foi fácil!


O Melhor Grupo de pop/rock entre Móveis Coloniais de Acajú, mundo livre sa e Paralamas do Sucesso, adivinhe quem ganhou? Indo na mesma toada, claro que os novatos do Paralamas. O Móveis não ganhou por se tratar de uma loja de Móveis da rua Teodoro Sampaio e todos os votantes ficaram indignados em ver essa falha grotesca em colocar uma loja para concorrer a um prêmio musical. Onde já se viu isso?


Para Melhor Cantor de Pop/Rock tinha Lulu Santos, Ed Motta e Caetano Veloso. Passo...


Para Melhor Cantora havia Zélia Duncan, Daniela Mercury e Céu. Ganhou Zélia Duncan, mas fiquei estupefato em ver que Maria Bethânia não concorria a essa categoria. Mais uma vez a banca de jurados protestou, afinal não sendo um prêmio de astrologia, como podem colocar Céu?


Esse foi o Prêmio Samba do Crioulo Doido. Nessa tal categoria Pop/Rock/Reggae/Hip Hop/Funk não tinha reggae, hip hop e nem funk. De pop e rock o que tinha era Paralamas, Móveis, mundo livre e Lulu Santos, ou seja, 1/3 dos indicados de fato eram da categoria o resto era encaixe.


O resto foi na mesma toada, deixando de lado a renovação para dar força a quem já está praticamente aposentado. Deixaram de dar prêmio para o incrível Pequeno Cidadão para dar ao Partimpim 2 de Adriana Calcanhoto, que fez o Partimpim 1 que é incrível, mas tá bom, né? Ainda bem que Música de Brinquedo do Pato Fú não concorreu, porque se tivesse perdido eu mataria um!


Depois vem a imprensa, as gravadoras, os empresários e metem o pau na falta de novos nomes para a música brasileira que é uma das mais ricas do mundo.

Eu fico triste com tudo isso. Por mais que a nova geração ainda precise aprender muito, não custa nada premiar nomes como Céu, Móveis Coloniais de Acaju e Vitor & Léo, que de fato mereciam sair com prêmios na mão. Talvez não por mérito pela obra, mas como uma força para que as velhas instituições e os velhos da mídia possam ver que há luz no fim do túnel. Sem esse estímulo de onde os novos nomes vão tirar força para continuar o trabalho.


O que poderia ser um estímulo a renovação, foi na verdade uma contemplação ao mais do mesmo.


PS: Aguardem ano que vem a homenagem ao Carcará de Maria Bethânia

2 comentários:

Renato Nunes disse...

Kkkkkkkkkk, muito boa! Impressionante, parece piada.

Anônimo disse...

E é isso mesmo!
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