7 de novembro de 2009

Geração Cobaia


Por conta de um trabalho rápido, passei a semana escutando o rock brasileiro dos anos 1980. Sei o tanto de gente que rejeita essa geração e mais até, rejeita o próprio rock brasileiro.

Vá lá que obviamente o rock brasileiro não chega aos pés do americano ou inglês, mas tem alguuumas coisas muito boas, interessantes e que inclusive deixa os gringos no chulé.


O grande problema da chamada geração 80, na verdade, nem é ela e sim as gravadoras e a estrutura que essas majors davam aos novos artistas do rock. E nem era ‘problema’, mas sim ‘problemaS’.

(Antes abro um parênteses para dizer que aqui falo da geração Gang 90 adiante, não contando assim artistas como A Cor do Som, Rita Lee, Rádio Táxi)

Quando essa geração começou a gravar, por volta de 1981-82, não havia estúdio para rock, acústica para rock, microfones para rock, e nem produtores especializados em rock. As gravadoras não sabiam o que fazer com as bandas. Sabiam que tinham que tê-las, pois era o momento, mas não sabiam trabalhar com elas.

Se você pegar algum integrante dessas bandas que gravou seus discos principalmente entre 1981 e 1986 para contar as histórias de estúdio e relação com gravadora, você certamente dará muita risada do que um dia gerou muita raiva.

Essa rejeição pelo rock dos 1980 é muito por conta desse amadorismo que era latente da base ao topo da pirâmide dessas multinacionais. A má qualidade das gravações, os timbres dos instrumentos e das vozes, a acústica, a mixagem. Era tudo horroroso. As gravadoras tinham medo das guitarras distorcidas e a impossibilidade de se chegar ao timbre desejado gerava muita dor de cabeça.

Dois guerreiros dessa geração são Pena Schmidt e Liminha. Pena ajudou André Midani a criar um casting jovem para a Warner e Liminha com o Nas Nuvens levou tecnologia de ponta para o Rio de Janeiro. E os dois, acima de tudo, entendiam de rock e fizeram ao máximo para suprir
todos esses defeitos que descrevi ao longo desse texto.

Mas mesmo marcada por essa má qualidade técnica, há discos dos 1980 muito bons, de se tirar o chapéu (rapidamente listei uns 12 que escuto até hoje numa boa). Dois desses primeiros de que gosto muito são ‘Os Maiores Sucessos de João Penca e Seus Miquinhos Amestrados’, de João Penca... e ‘Essa Tal de Gang 90 & Absurdettes’, da Gang 90 & Absurdettes. Ambos lançados em 1983 e muito provavelmente gravados em 1982.

Para finalizar, digo que é para não confundir qualidade técnica ruim com a qualidade da banda e do repertório. Muitas dessas bandas prejudicadas conhecemos muito bem como é o caso do Titãs, Paralamas, Barão, Legião que seus primeiros discos são tecnicamente ruim de dar dó, mas ao vivo era outra história.

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