22 de dezembro de 2008

Até 2009


Amigos e amigas. Desejo à todos boas festas e uma maravilhosa entrada para 2009. Que o ano inteiro seja bom para todos nós. Volto a postar no início de janeiro. A série Clássicos de 1986 continua!

Espero que o país melhore! Que haja menos injustiça! Enfim, cada um sabe bem o que fazer para melhorar nossas vidas.

Juízo!!!

Prêmios, Prêmios e mais Prêmios

Grammy Awards
Grammis Awards (Grammy Suécia)
Emma Awards (Grammy Finlândia)
Grammy Latino
VMA (MTV USA)
EMA (MTV Europe Awards)
AMA (MTV Asia Awards)
GMA Dove Awards (Gospel)
American Music Awards
Brit Awards
Billboard Music Awards
World Music Awards
Teen Choice Awards
NME Awards
NRJ Music Awards
Nickelodeon Kid Choice Awards
BBC Jazz Awards
Polar Music Prize (tipo Nobel)
Prêmio Pulitzer (jornalismo, literatura, música...)

Prêmio Mineiro de Música Independente
Prêmio Multishow
Prêmios de “operadora celular”
Prêmio Eldorado de Música (Erudita)
Prêmio de “cartão de crédito”
Prêmio Caras de Música
Prêmio Toddy de Música Independente
Prêmio Dinamite de Música independente
VMB (MTV Brasil)
Grammy Brasil (vai ter outro????)

De uma hora para outra fiquei encafifado com tantos prêmios espalhados por aí. Fiz uma rápida busca pela internet e achei 29 desses ‘awards’. Tem mais, muito mais, mas fiquei com os que logo apareceram. Desses 29, 10 são no Brasil. Ou seja, quase uma vez por mês há uma premiação musical por aqui.

Claro que grande parte desses prêmios são pura palhaçada. Todos eles são criados para fazer marketing e dinheiro. Publicitários e grandes patrocinadores adoram esse tipo de coisa. Todo mundo sai ganhando, menos os artistas, claro. Eles são criados não para enaltecer o trabalho musical seja lá de quem for. São criados porque geram dinheiro, muito dinheiro. Para algumas emissoras de tv essa premiação é onde elas lucram barbaridade. Gastam, sei lá, 100 mil reais e lucram 600 mil além, é claro, de fazer um chamego aos patrocinadores amigos.

Aí você olha aquele mundaréu de gente sentada no anfiteatro e se pergunta: quem é esse povo todo? Fora os artistas, são pessoas ligadas aos patrocinadores, publicitários, gerentes de banco, familiares desses parceiros comerciais, enfim, na logística desses convidados rola muita política. Quem merece ir, quem interessa estar lá, quem é mais importante e quem não faz tanta diferença.

Mas a coisa é tão cansativa que em certas premiações da para ver o local sendo esvaziado a cada bloco. Muitas pessoas que lá estão querem saber da festa que terá após a entrega e muitas dessas pessoas já começam a abandonar o local mais cedo. Um truque manjado para os lugares vazios é colocar figurantes sentados nas cadeiras vazias.

A única coisa legal desses prêmios e o fato de muitos artistas se encontrarem. Alguns até se vêem de passagem em festivais, aeroportos e hotéis, mas ali na premiação eles podem conversar com mais calma, se divertir. Só que essa parte ninguém mostra. O mais legal da festa não é mostrado!!!
Bem, de todos esses prêmios que achei, a maioria jogo no lixo. O Grammy que era de respeito, pelo tanto de franquia que abriu, já não tem mais esse respeito. É Grammy americano, latino, finlandês, sueco, brasileiro... daqui a pouco vai rolar o Big Grammy, Grammy Chicken, Grammy Salad...

quatro premiações que me chamaram a atenção: Polar Music, BBC Jazz Awards, Prêmio Eldorado e o respeitável Pulitzer. O Polar achei legal pois premia apenas dois nomes que tenham se destacado na música por terem feito algo ligado ao bem da humanidade. Ele existe desde 1992 e Paul McCartney, Led Zepellin, Gilberto Gil e Stevie Wonder já ganharam esse prêmio.

Outro legal é o BBC Jazz Awards que foi criado em 2001 e é uma premiação como as outras onde há diversas categorias. É o tipo de premiação que não interessa a ninguém aqui no Brasil. Que patrocinador vai querer bancar uma festa do Jazz?

O Eldorado é legal por premiar os profissionais da música erudita. Muito interessante.
O Pulitzer dispensa comentários. Ele existe desde 1917 e é um dos mais respeitáveis. Ele premia a literatura, o jornalismo e a música. Reportagem, editorial, fotografia, história, há diversas categorias bacanas.

O Pulitzer e o Polar são legais pois dão aos premiados uma grana, o que é bom.

Porém, 99% desses prêmios só querem ganhar em cima da imagem dos artistas. Haja paciência para acompanhar todos eles.

PS: Outro lance chatérrimo dessas premiações é o tal do tapete vermelho. Para muito dos artistas esse é o momento alto: poder mostrar no novo visual ou o novo namorado(a).

PS2: Esse é o último post de 2008. Que venha 2009! Boas festas à todos! Se for dirigir não beba!!!

17 de dezembro de 2008

Série Clássicos de 1986: 4 - Rádio Pirata

Encontrei P.A (ex-baterista do RPM e atual PR-5) há meia hora atrás e ficamos conversando por uns 20 minutos e comendo uma boa esfirra. Papo vai papo vem ele me disse uma curiosidade digna de registro: o disco Rádio Pirata do RPM foi o primeiro a ser lançado em CD aqui no Brasil. Foram feitas algo em torno de 3 mil CDs, pois em 1986 apenas meia dúzia de pessoas tinham aparelho. E eram apenas dois lugares no mundo que fabricavam CD, um no Japão e outro nos EUA.
Segue relato de Paulo Ricardo sobre o disco mais vendido dos anos 1980, lançado no auge do Plano Cruzado:


Em 1984 passamos o ano inteiro rodando as danceterias de Sampa e ensaiando diariamente, então, quando Ney Matogrosso foi nos assistir, ele encontrou uma bandinha muito bem ajeitada, que tocava aquelas músicas de trás pra frente, com pegada e muita segurança. Mas foi ele quem lapidou a pedra bruta, desde nossa postura de palco até o roteiro, passando pelas luzes e pelo uso preciso e econômico do raio laser. Estreamos, ansiosos, um espetáculo ousado, hi-tech, na primeira incursão de uma banda de nossa geração num grande teatro, em horário nobre.
A presença do nosso querido Chacrinha na platéia nos deixou ainda mais nervosos. Mas os ensaios mostraram sua eficiência e tudo correu bem. Por acaso, isto aconteceu na véspera do meu aniversário de 23 anos, no dia 23 de setembro de 1985. Poucos meses, e muita, muita loucura, shows, programas de tv e rádio e várias capas de revistas depois, um acontecimento inesperado mudaria definitivamente o rumo de nossas vidas. A música "London, London", colocada no show por minha sugestão, para criar a dinâmica que o Ney precisava para o roteiro, havia sido gravada no Festival de Atlântida, em Porto Alegre, e estava estourada, numa versão pirata (meta canção!), nas rádios de todo o Brasil, chegando ao absurdo de 70 execuções/dia (para se ter uma idéia, 20 execuções já é considerado um sucesso!).

O desvio de rota passava pelo Palácio das Convenções do Anhembi em SP, onde, em duas apresentações no mês de maio de 1986, gravaríamos "Rádio Pirata Ao Vivo”. Naquela altura, estávamos no auge, pensávamos, e não podíamos imaginar o quanto à coisa ainda iria crescer. Com uma média de cinco shows por semana, éramos uma banda extremamente competente, entrosada, e nosso astral estava lá em cima, com um sucesso ímpar e todos os nossos sonhos mais megalomaníacos se realizando um a um.

As gravações transcorreram tranquilas, dentro daquela espécie de beatlemania que vivíamos, produzidas pelo experiente Mazzola, e dirigida pelo Ney. Com toda aquela bagagem, nada poderia dar errado. Fomos à Los Angeles mixar o disco, em mais uma ação pioneira, e o resultado é o que se sabe: três milhões de cópias vendidas, e ainda a maior vendagem do catálogo da Sony-BMG. O que não sabíamos é que, de certa forma, aquele era o começo do fim.
Mas essa é outra história...

Paulo Ricardo, ex-líder do RPM

15 de dezembro de 2008

Blockbuster x Filme Cabeça

Adoro filmes blockbuster. Odeio filmes cabeça. Pra mim, cinema não foi feito para pensar, mas para se divertir.

Guerra nas Estrelas, De Volta Para o Futuro, Mad Max, Hulk, Senhor dos Anéis, Porcos e Diamantes, Harry Potter, 007, Indiana Jones, Batman, O Poderoso Chefão... esses são os filmes que gosto de ver. Diversão garantida! Pipoca e Coca-Cola! Uêba!

Não agüento ver/ouvir o “público cabeça” falando mal dos blockbusters. Até porque eles são muito mais difíceis de se fazer. Uma produção dessas requer uma logística inacreditável.

Pior é ver gente como o ator José Wilker, que comenta a transmissão do Oscar, desprezar os blockbusters, assim como Inácio Araújo da Folha de São Paulo. Acho engraçado um ator como José Wilker, que faz novelas - um produto tão de quinta categoria – e falar mal de um filme por ele ter efeitos especiais ou simples cenas de ação.

Chato é aquele lance de filme com direção francesa, atores espanhóis, produção iraquiana, fotografia islandesa e no final é uma história sobre uma mulher que não sai de casa e vive em crise com os filhos e com o mundo. Pelamordedeus!

Chato é A Insustentável Leveza do Ser, Tomates Verdes Fritos, Fellini, Woody Allen, Glauber Rocha...

Vou ao cinema para me divertir e não pra sair de lá pensando na vida e suas intrigas. Até vejo alguma coisa mais parada, mas é preciso um bom roteiro, tipo Delicatessen, O Fabuloso Destino de Amelie Poulain e um monte de boas comédias.

Escrevo esse pequeno post por raiva, pois vejo muita gente na mídia falando das maravilhas dos filmes europeus independentes e cuspindo em Hollywood. É difícil ver alguém defendendo os bons filmes de aventura, terror, ação, ficção...

Viva Hollywood!

E que venham Watchmen, X-Men Origins: Wolverine, O Corvo, Exterminador do Futuro 4, Mad Max 4, Carga Explosiva 3, Lanterna Verde...

8 de dezembro de 2008

Série Clássicos de 1986: 3 - Longe Demais das Capitais

"Gravamos Longe Demais Das Capitais entre maio e junho de 1986 em São Paulo, nos estúdios da RCA.
Tivemos liberdade total, só mostramos o disco para os executivos quando estava pronto. O lado ruim da baixa expectativa foram os horários de estúdio que nos deram. Gravamos nos períodos que sobravam de outros artistas. Até hoje não consigo ouvir o disco sem lembrar que gravei muita coisa no início das manhãs.


Quem produziu foi Reinaldo Barriga, um cara com os dois pés no chão e sem muitas pretensões artísticas. Era exatamente o que precisávamos, pois idéias nós já tínhamos demais. Ele nos ajudou muito, pois tinha a cabeça nos anos 70. Nós não estávamos muito interessados nas mudanças tecnológicas que estavam começando a invadir os estúdios.

Queríamos estar longe demais das capitais, na contramão da euforia que rolava na cena. Predominava no ambiente uma vontade estranha de ser londrino ou nova-iorquino. Algum tempo depois pintou a onda terceiro mundista e o orgulho estranho de ser banguela. Nunca entendi estas tendências.

A foto da capa não é nada urbana. O local sugere o pampa gaúcho, mas é mais perto de Porto Alegre do que se pode imaginar.
Eu já tinha escrito todo o material antes de entrar em estúdio. As músicas já rolavam nos shows. Gosto de pensar que poderia ter feito aquelas canções hoje de manhã. Até citaria os mesmos Fidel e Pinochet em “Toda Forma de Poder”.

Um fato revela qual era nosso espírito durante a gravação: o pessoal do estúdio se enganou na hora de pegar as fitas e uma canção foi gravada sobre a anterior. Foram horas de trabalho jogadas fora. Os caras olharam para a gente apavorados, esperando que tivéssemos um ataque histérico. Nossa reação foi cair no chão de tanto rir. Teríamos que fazer tudo de novo? Que bom!"

Humberto Gessinger, líder do Engenheiros do Hawaii

2 de dezembro de 2008

Série Clássicos de 1986: 2 - Capital Inicial

Aqui Flávio Lemos descreve em detalhes o que foi gravar o 1º do Capital. É um ótimo documento e mostra um pouco da dificuldade que as bandas de rock da época tinham em gravar um disco.


“Nosso 1º disco foi gravado em um estúdio chamado Nosso Estúdio, em São Paulo. As gravações começaram em janeiro de 1986 e longos três meses depois, no começo de abril, conseguimos terminar o disco. Não foi nossa primeira experiência em estúdio, pois havíamos gravado um compacto um ano antes. Mas éramos quase virgens. E isso faz uma grande diferença. Por isso a gravação foi tão demorada. Cada música foi tocada centenas de vezes até sair certo.
Nosso produtor, escolhido pela gravadora, nunca tinha gravado um disco de rock antes. Na verdade, ele nunca tinha ouvido rock. Ele só fazia discos de MPB. Falar que queríamos um timbre de guitarra igual ao do Steve Jones (Sex Pistols) não adiantava nada. A comunicação era difícil, apesar de sua boa vontade.

Não tínhamos equipamento. O baixo não sofreu tanto, pois podia ser gravado em linha, plugado direto na mesa. Mas para gravar a guitarra foi um sufoco. Conseguir uma guitarra distorcida foi pior ainda. Lembro-me que chegamos a usar uma caixa que alguém trouxe de casa, que não era para instrumentos, e sim para ouvir discos. Ligando a guitarra nela, o som vinha distorcido, e foi isso que usamos.

Mas estávamos felizes e achando tudo lindo. Queríamos ‘sofisticar’ nosso som, e chamamos Bozzo Barretti para gravar piano e teclados. Ele acabou co-produzindo o disco e sugeriu colocar metais em algumas músicas. Nós gostamos do resultado final, mas os amigos mais puristas que nos conheciam da época de Brasília não acharam muita graça.

Das onze faixas do disco, seis foram compostas em Brasília, e cinco foram compostas em São Paulo. Nós nos mudamos para SP em janeiro de 1985, e passamos o ano todo ensaiando e compondo. Ensaiávamos todo dia, no porão do sobrado onde Dinho morava. As músicas compostas em SP foram: “Gritos”, “Linhas Cruzadas”, “Cavalheiros”, “Sob Controle” e “Tudo Mal”.

Com o disco terminado, fomos fazer fotos para a capa. Chamamos Ico Ouro Preto, nosso amigo de Brasília e irmão de Dinho. Fizemos várias fotos na frente do Museu do Ipiranga, e uma delas, na frente de um espelho d'água. Nossa imagem ficou refletida. Ico depois cortou a foto, e usou só o reflexo na água. Ficou um efeito interessante, numa época sem photoshop, nem computador.

Não tínhamos nenhuma expectativa com relação ao disco. Fizemos uma lista das músicas que achávamos que poderiam tocar nas rádios. “Música Urbana” ficou em último lugar. Aí a gravadora liga e diz que a música de trabalho escolhida era “Música Urbana”. Ok.
O disco só foi lançado cinco meses depois de pronto, em agosto. Nessa altura, a gente já achava o disco ruim e mal gravado. A tiragem inicial foi de quatro mil cópias. Ficamos muito felizes quando soubemos que esgotou rapidamente. Já estava bom, mas começamos a sonhar que talvez pudéssemos chegar à marca de dez mil cópias vendidas. Após um ano do lançamento, havíamos vendido 250 mil!

Flávio Lemos, baixista do Capital Inicial