25 de setembro de 2008

Quanto Vale o Show?

Não me lembro bem, mas por volta de 2004 fui convidado para ser curador de um grande festival que acabou não dando certo. Uma pena, pois era para comemorar os 50 anos de Rock Brasileiro.

Ali vi o que estava sendo feito para driblar a carteirinha de estudante: os empresários elevam o preço do ingresso a um valor absurdo, para poder cobrar a metade exigida pela carteirinha. O triste é ver o abuso do preço que faz com que o empresário ganhe mais de 100% de lucro na venda para estudantes. Imagine então o que ele ganha com a venda do ingresso inteiro!

Há tempos não vou a shows. Tenho verdadeiro pânico de aglomerações, multidões e lugares fechados e apertados. Esses problemas começaram no final dos anos 90 e realmente passo mal em lugares assim. Mês passado até fui a um show de lançamento de uma banda amiga, mas não consegui ficar além da 5ª música. É algo mais forte que eu. Quando vou, o lugar tem que ser aberto, grande e ainda fico lá no fundo.

Bem, Madonna vem aí, R.E.M. vem aí, festivais estão pipocando cada vez mais pelo Brasil e os ingressos são caros, muito caros. Algumas vezes o público é mal tratado na hora da compra e na hora do evento.

Principalmente em festivais, que você passa horas no local, não tem banheiro descente (as meninas que o digam), para beber e comer as opções são poucas e caríssimas, enfim, um verdadeiro exercício de paciência. Tudo isso vale a pena para ver o show de seu artista?

É muito caro vir para o Brasil, ainda mais quando o artista vem em turnê, que traz um bando de gente, cenário e sistema de luz e áudio. O custo é realmente mais alto que o normal. O contratante tem que arcar com todas as despesas de toda a equipe. Porém, isso não justifica o valor exorbitante cobrado. O lucro poderia ser bem menor, ainda mais quando o show é em estádio. O show do U2 foi maravilhoso, inesquecível, mas só fui porque estava trabalhando e por isso fiquei na pista, em frente ao palco, num espaço cercado. Um verdadeiro privilégio. Pra mim shows em estádio são uma porcaria. De todos que eu fui, fora o U2 claro, nenhum prestou.

Desde 2000 não vou a jogos de futebol, é olha que moro a 10 minutos do estádio de meu time. Pra quê? Pra ser mal tratado na hora da compra e mal tratado na hora do jogo? Comprar um copo de refrigerante sem gás por 5 reais? Desde então nunca mais desembolsei dinheiro algum para o futebol. E não me faz falta. Não sou mulher de malandro. Não sou masoquista.

Lembro do Hollywood Rock que fui ver o Red Hot Chili Peppers com a polícia jogando os cavalos em cima da galera que estava quieta na fila e na hora de sair que de tão apertado que estava o corredor que acabei saindo do chão. Um horror! Queria esperar a multidão sair, mas a polícia obrigou todo mundo sair na mesma hora. Santa ignorância!


Gasto meu suado dinheirinho com conforto.

24 de setembro de 2008

Cavalera.doc

Nesses três últimos meses fiz a Direção de um documentário da Cavalera chamado Cavalera.doc

O documentário mostra a produção da coleção verão/2009 que desfilou no último mês de junho. Misturei moda e música. Muita coisa boa na trilha do programa, desde Elvis Presley e Talking Heads, até Nirvana e The Zutons.

São oito capítulos de meia hora de duração que passará na Band sempre a 01h30 da manhã após o programa A Noite é Uma Criança:

26/09 - sexta-feira
29/09 - segunda-feira
30/09 - terça-feira
01/10 - quarta-feira
02/10 - quinta-feira
03/10 - sexta-feira
06/10 - segunda-feira
07/10 - terça-feira

15 de setembro de 2008

Teleguiado II – Os Mecanismos

Me cobraram esses mecanismos, então vamos lá:
Bem, para o Teleguiado funcionar, durante a meia hora que o programa ficava no ar a fitoteca da MTV só funcionava para o programa. Lá ficavam o responsável por ela e o estagiário, que era o encarregado de levar a fita com o clipe pedido para o switcher. Ainda na fitoteca era anotado num papel a entrada e saída do clipe. Se não tinha o clipe ou qualquer outro problema, o estagiário ligava pra mim no switcher e resolvíamos tudo ali, em poucos segundos. Se o problema envolvesse o participante que havia pedido o clipe, eu falava com o Cazé pelo ponto eletrônico. E ele: “Alô base, qual é o problema...”
O clipe chegava ao switcher e ia direto para o operador de vt que colocava-o no ponto. Primeiro ele achava o clipe, corria até o final dele, zerava o timer do vt e assim colocava o clipe no ponto. Dessa forma teríamos o tempo do clipe em regressiva. Com o clipe no ponto eu avisava o Cazé.
O tempo que Cazé ficava conversando dependia muito do participante. Se o papo era bom Cazé o esticava até não dar mais, se era ruim, assim que eu falasse que o clipe tava no ponto, Cazé já o chamava.
Num programa de meia hora no ar, é padrão ter entre 22 e 24 minutos de produção e três blocos. Os outros 6 ou 8 minutos restantes são para o intervalo. Para um programa de uma hora de duração o tempo de produção é de 48 minutos e 12 de intervalo com quatro blocos.
Fazíamos de tudo para que o Teleguiado tivesse um clipe por bloco, mas nem sempre dava certo, pois o tempo do clipe também contava. Por muitas vezes o programa terminava com Cazé chamando o último clipe e ele podia ficar 10 segundos ou 3 minutos.
Eu também ficava “negociando” com a equipe de exibição o tempo que eles podiam me dar a mais. Algumas vezes eu conseguia derrubar alguma vinheta de intervalo e ganhava aí 30 segundos ou um minuto. Se a programação estava adiantada, eu podia ir alguns minutos a mais do horário ou se a programação estava atrasada, azar, pois a exibição usava o Teleguiado para ajustar o horário e assim eu tinha que entregar o programa um pouco mais cedo. Ruim era quando tinha horário eleitoral, que aí não tem boi. A coisa toda tinha que ser pontual.Ah! Antes do inicio do programa, o switcher parava de trabalhar uma meia hora antes, para testarmos o telefone, o áudio, as câmeras, para não termos nenhuma surpresa durante o Teleguiado. Ainda bem que nunca houve nenhum grande problema técnico durante a transmissão. Se não me engano, já houve sim algum problema técnico que impossibilitou o programa de ir ao ar. Aí tivemos que colocar uma reprise, mas isso ocorreu apenas uma vez, e nem me lembro o motivo.

10 de setembro de 2008

Teleguiado MTV

Em 1995 a MTV, como todo ano e como todas as emissoras, veio com nova programação. Esse foi um ano marco para a emissora pois entre os novos programas, estava o Teleguiado: o primeiro programa ao vivo e interativo da MTV (e deve ter sido o primeiro programa interativo da televisão brasileira).
A idéia era simples: Cazé recebia telefonemas dos telespectadores cadastrados que pediam clipe e colocávamos na hora. Qualquer clipe que tivesse na casa. E só uma regra valia: se pedisse clipe que já tivesse passado na semana tomaria o famoso “NA CARA”. Cazé desligava o telefone na cara da pessoa.
Se não me engano o programa entrou no ar em março de 1995, nesse primeiro ano das 12h30 as 13h00. Era uma correria, pois eu e Cazé terminávamos de gravar o Na Chapa (que em breve falarei dele aqui) por volta das 12h00, ele ia para o camarim se trocar enquanto o pessoal do estúdio montava o cenário. O cenário do Na Chapa e o do Teleguiado eram duas “estantes” que de um lado era o Na Chapa e do outro o Teleguiado. Tínhamos também uma velha cadeira de barbeiro, uma micro câmera e mais alguns objetos de cena.
A partir de 1996 até seu fim, acho que em 1999, o Teleguiado ia ao ar das 20h00 as 20h30.
Fiz a direção do programa de 1995 até o final de 1998, ou seja, quase quatro anos ao vivo e diário. Não havia feriado. E era uma aventura.
A princípio, claro, todos nervosos, pois programa ao vivo era novidade na casa. O assunto? Papo furado. Nos primeiros meses Cazé perguntava da escola, do almoço, usava os textos do Na Chapa para criar assuntos (o Na Chapa era sobre cultura inútil).
Nesses anos todos que fiquei a frente do programa aconteceu de tudo. Teve até uma vez que Cazé foi ao banheiro cinco minutos antes de entrar no ar. Segurei a entrada do programa o quanto pude, até que tive que começar o programa sem o Cazé. Escrevi na tela: “Cadê o Cazé?”, subi a trilha e a câmera ficou passeando pela cadeira vazia. Deu 1 minuto e Cazé apareceu. Um minuto na televisão é uma eternidade!
Depois de 6 meses no ar, já sabíamos lidar com o ao vivo. Cazé também começou a ir atrás de assuntos para abordar no programa, inventou o ‘Dia de Chiva’, que era toda sexta-feira, quando ele destruía algum objeto, e foi de tudo: microondas, televisão, geladeira, bonecos de políticos, enfim, o que se pode imaginar. Nos primeiros, claro, chegamos a tomar bronca da direção, pois usávamos a escada de incêndio para colocar fogo em alguns objetos.
Tinha programa que era uma festa e tinha programa que era muito chato. Fazíamos placar de clipe nacional contra clipe internacional. Fazer televisão ao vivo é uma delícia, não há coisa melhor. Pode acontecer de tudo e isso que é legal.
Mas chegou 1998, as coisas mudaram bastante na MTV, o meu tesão pelo Teleguiado não era o mesmo e no momento oportuno acabei saindo. Até porque eu não fazia só o Teleguiado, fazia mais uma penca de programas. Mas foi legal, uma verdadeira escola.
Pena que aqui não possa me aprofundar mais em outras boas histórias do programa... hehe.
Ah! A música de abertura do programa, que muita gente perguntava na época, era do Pizzicato Five.
Teleguiado no You Tube:
http://www.youtube.com/watch?v=uP061WtlPsk

2 de setembro de 2008

O Crítico Musical (argh!)

Palavra 'crítico' segundo o Houaiss:

Acepções■
adjetivo e substantivo masculino
1 que ou quem julga, examina
2 que ou quem examina, caracteriza, classifica obra de arte, ciência, costumes, comportamentos etc. Ex.:
3 que ou quem avalia competentemente, distinguindo o verdadeiro do falso, o bom do mau etc.

Etimologia
lat. critìcus,a,um adp. do gr. kritikós 'que julga, que avalia e decide', cog. do v. gr. krínó 'separar, decidir, julgar'; ing. critic (1544) critical (1590), fr. critique (sXIV acp. med, 1690 'decisivo'), esp. crítico (1615);

Antigamente era fácil achar um bom crítico musical, um bom jornalista que escrevia com conhecimento de causa. Antigamente.
A internet veio para esculhambar isso, tornar preguiçoso até mesmo o profissional que, algumas vezes, ganha bem para isso.
Tô cansado de ler matérias sobre as novas revelações, as novas tendências, o hype do momento e essas bobagens em fim.
Até a primeira metade dos anos 1980, essa coisa de rock, ainda era pouco explorada tanto nos USA e Europa, quanto aqui no Brasil. Eram poucas as bandas/artistas. Digamos assim que a cada 20 nomes, 5 eram bons. Hoje, com o mercado saturado, são 999 trilhões de nomes e 1 bom.
Hoje leio críticos indicando bandas por esses ou aqueles motivos e me pergunto: onde é que eles acham essas bandas? Eles simplesmente entram no sites ou compram revistas como New Musical Express, Rolling Stone, Uncut, Pitchfork, olham o que essas mídias estão comentando e comentam também. Aí, assim, dessa forma, até minha querida mãezinha, de 67 anos que adora Carpenters e Willie Nelson.
Quero ver algum desses críticos acharem, por si só, algum bom nome e apostar nele, sem depender da palavra dos outros. Quero ver coragem. Achar banda/artista bom hoje é fácil e eu não entendo o motivo pelo qual esses críticos não fazem isso. Sim, preguiça e covardia, como já falei, mas se é tão fácil caminhar com as próprias pernas, então porque não fazer isso?
Eu já escrevi para revistas especializadas, sites, jornais de todo o país, mas confesso que não gosto de escrever para os outros, mesmo porque o texto já vem direcionado, dificilmente com liberdade de escrita. Não gosto. Meu negócio é televisão, vídeo e meus blogs.
Hoje falata embasamento de quem escreve. Não acho que basta escutar e gostar de rock, tem que ter algo mais. Muito desses fraldinhasque escrevem para os grandes jornais e revistas não sabem da dificuldade de se fazer um disco, uma composição, e tudo o que envolve o mercado musical. É aquela coisa como no futebol que técnico bom é aquele que já foi jogador. E é verdade. Tem que ter conhecimento de causa.Não se deixe enganar e não espere esses picaretas dizerem à você o que é bom ou ruim. Vá atrás do que você gosta, até porque não interessa mais se outros gostam ou deixam de gostar. Tem tanta coisa legal que eu escuto e que ninguém nunca ouviu falar. Hoje, como falei, tem trilhões de bandas por aí. Ache as tuas e deixe as críticas pra lá. Isso é coisa do passado. Isso é coisa anterior a internet.