18 de abril de 2008

Central MTV

Em 2000, antes de sair da MTV Brasil, onde fiz a direção de programas como Fúria Metal, Teleguiado, Supernova, Radiovitrola, Na Chapa, Ultrasom, Arquivo, Suor, MTV no Verão, Casa da Praia, além de shows e festivais; dirigi um programa pioneiro chamado Central MTV. Pioneiro por ser o primeiro programa diário gravado no Rio de Janeiro.
Era uma luta interna, pois não era nada fácil deixar minha casa em SP, todos os domingos, para me aventurar no RJ. O Central era gravado na casa dos artistas, ou em outras locações, era mais ou menos o que hoje a Globo faz no programa Estrelas.
Era uma rotina cansativa, de acordar muito cedo, dormir muito tarde, viver no trânsito, gravar dois programas por dia, ficar longe de casa, viver sem conforto e na ponte aérea. Sim, houve momentos prazerosos, como o programa com Cássia Eller, Pepeu Gomes e Dado, mas também houve momentos difíceis, como o programa com Pepê & Neném.
Comigo nessa empreitada estava Luciano Garcia, guitarrista do CPM22. Morávamos juntos no mesmo flat no RJ. Ele ficava no Rio agendando as bandas e artistas e eu ia e voltava toda semana. Naquela época o CPM22 ainda era uma simples banda do underground que fazia seus showzinhos no Hangar. Eu e Luciano já trabalhávamos juntos, pois era ele que sempre estava com as bandas que participavam do Fúria, então essa parte de morar com ele foi fácil e bem divertida. Luciano é um irmão, nos vemos muito pouco, mas temos essa boa vibração.
Não gravei muito o Central, acredito que apenas uns 20 ou 25 programas, pois logo que comecei o Central, recebi um convite para ser Editor de Música do (falecido) site tantofaz.net
Como estava em crise, por causa dessa rotina estressante e nada satisfeito na MTV, aceitei na hora.
No início de 2008, fuçando minhas coisas, armários, caixas... achei alguns cadernos e neles vários diários. Entre esses diários, achei os do Central, que escrevia sempre nas madrugadas do Flat, antes de dormir. Resolvi então postá-los. Eis aqui a lista dos programas que fiz diário:

Rodolfo (Raimundos)
Sepultura
Capital Inicial
Cláudio Lins
Cássia Eller
LS Jack
Gabriel O Pensador
MV Bill
Nocaute
Dado Villa Lobos
Pepeu Gomes
Wando
Rumbora
Evandro Mesquita
Vinny
Pepê & Neném

2 de abril de 2008

Central MTV com Rodolfo (Raimundos)

Gravação: 23/02/2000
No ar: 28/02/2000

O Central MTV foi criado pela direção da emissora para ser um programa feito no Rio de Janeiro.
Parece mentira mas eu tinha que estar com o 1º programa pronto em 5 dias. Desde a captação até a finalização, 5 dias.
Os três primeiros programas foram marcados em SP pois não houve tempo de produzi-los no RJ.
O 1º foi marcado no apê de Rodolfo, e eu e Cris Nicklas estávamos curiosos e ansiosos pra ver no que ia dar.
Nós dois almoçamos juntos para conversar sobre o programa e as 14h00 fomos para o Rodolfo, no apê dele no Jardins.
Na equipe estava eu (diretor), Cris (apresentadora), Rodrigo Menk (câmera), Silvio (operador áudio), Flávia (Ass. direção) e Penélope (Relações Artísticas, antes de ser apresentadora da MTV).
Chegamos bem rápido e, como não sabia como seria a captação do programa, só gravei a cabeça inicial após a entrevista ter sido feita (coisa que passei a fazer em todas as gravações do Central). Estávamos curiosos para saber como Rodolfo ia nos receber. De qualquer forma, chegamos ao apê já com a câmera ligada, gravando tudo. Por sorte foi o próprio Rodolfo que abriu a porta e ali mesmo gravamos a 1ª cabeça. Ficou longa, tive que editá-la, mas rolou legal.
O briefing do programa era mostrar a casa do artista. O que é o Estrelas hoje na Globo, era o Central na MTV. Levamos o briefing ao pé da letra e mostramos o apartamento inteiro: sala, banheiros, quartos, armários, cozinha e até com a empregada conversamos. O programa ficou além da expectativa e quando a chefia assistiu, adorou.
Mas como nem tudo são flores, houve algo de ruim no áudio. Fiz o programa inteiro com boom, mas deveria ter feito com lapela. Por contra disso algumas partes do programa tive que deixar de fora, pois o áudio ficou abafado demais.
Minha grande dúvida nesse momento é: será que o RJ tem tanto artista a ponto de preencher um programa diário (de 2ª a 6ª feira) durante um ano inteiro? Eu duvido...
No final da gravação eu e Rodolfo queimamos algo que hoje não queimamos mais e ele foi para a MTV conosco, pois iria gravar algumas vinhetas junto com Canisso.
OBS: O único quadro pendurado na casa de Rodolfo, numa parede da sala, era um retrato pintado de Jesus Cristo.

Central MTV com Capital Inicial

Gravação: 24/02/2000
No ar: 29/02/2000

Achei a maior besteira do mundo a MTV querer estrear a nova programação no dia 28 de fevereiro. Era muito cedo e quase nada estava pronto (nem mesmo os cenários). Essa estréia poderia ter ficado para o dia 13 de março, após o carnaval. Tudo seria mais fácil, tranqüilo e barato. Há uma diferença enorme entre teoria e prática.
Bom, não adianta chorar o leite derramado e lá estávamos nós no Teatro Mars para gravar o 2º Central MTV com participação de Capital Inicial. Era o 1º dia de ensaio no teatro para o Acústico e era a 1ª vez na vida da banda que todos iriam usar retorno de ouvido.
Nesse programa, ao contrário do que foi com Rodolfo, iríamos falar mais de música, apesar de termos falado sobre filhos, violência e outras coisas.
A frente do Mars estava em reforma, o camarim super apertado e não havia outro lugar para gravar a não ser nas cadeiras do teatro. O programa inteiro foi feito num só lugar.
No carro, indo para a gravação, coloquei Cris a par de tudo o que estava acontecendo com o Capital e fiz uma pauta de tópicos para ela. Lá estavam Dinho, Fê, Flávio e Loro. Todos bem humorados, com grande expectaviva em relação ao Acústico e felizes de ver que a volta da banda com Dinho havia dado certo. Afinal o Atrás dos Olhos tinha vendido 80 mil cópias na época do lançamento.
Em termos de imagens o programa não teve muita coisa, mas o editorial ficou ótimo.

Central MTV com Sepultura

Gravação: 25/02/2000
No ar: 01/03/2000

3º programa e eu estava começando a me familiarizar com ele. O único problema é que, mais uma vez, não faremos como o programa do Rodolfo e sim como aconteceu com o Capital. Dessa vez entrevistaríamos o Sepultura no estúdio onde a banda estava ensaiando o próximo disco. O estúdio fica na Vila Madalena, bem ao lado do cemitério, numa ruazinha minúscula.
A gravação estava marcada para as 15h00, mas o único que estava lá nessa hora era o Paulo (baixo). Enquanto os outros não chegavam, ficamos lá conversando e lendo a biografia da banda e tirando dúvidas com Paulo (uma coisa era entrevistar o Sepultura para o Fúria, com o Gastão, mas com Cris é outra coisa).
Depois, pela ordem, chegaram Derrick, Andreas e Igor.
Muita gente costuma imaginar seus ídolos apenas andando em tapetes vermelhos e tomando champagne, mas não é bem assim. Todo mundo deveria ter consciência de que seu ídolo também paga imposto, contas de água, luz e telefone; e também tem seus problemas (e mães chatas que pegam no pé). Estou dizendo isso porque o Sepultura, que é uma banda conhecida e respeitada mundialmente, não tem frescuras. Todos eles são muito simples, mesmo tendo a moral que tem. Quantas e quantas vezes já gravei com eles e nunca vi nenhuma viadagem...
Cris não sabia quase nada sobre a banda e, por um lado, isso foi bom, pois foi mais fácil fazer uma pauta diferente. Porém, como estaríamos num estúdio, obviamente o assunto principal seria a música. Passei algumas informações para ela e outras coisas ela pegou nas informações que dei à ela (papeis com história, reportagens...). Pedi à ela, inclusive, para não falarmos de Max Cavalera, e realmente não falamos.
O programa ficou parecido com o do Capital, mais paradão, com todos sentados e as cabeças gravadas em um só lugar. A parte editorial, mais uma vez, ficou muito boa, Cris falou de tudo: carreira, lado pessoal, hobby, futebol... É uma maravilha entrevistar pessoas com boa articulação e boas idéias. Nisso, até agora, nos demos bem.
Agora acabaram-se as gravações em SP. No domingo começo a ir para o RJ. Vamô ver o que vai dar...
Vou para o RJ todos os domingos e, alternando, volto nas 4ª ou 3ª feiras...

Central MTV com MV Bill

Gravação: ?/?/2000
No Ar: ?/?/2000

É, infelizmente, não lembro quando gravei esse belo programa. Deve ter sido no início de abril. Ele foi gravado na Cidade de Deus, beeeeem antes do filme ser rodado.
Na época da gravação só se falava em Marcinho VP. Tudo foi armado pela produção com o empresário de MV Bill. O local de encontro foi uma padaria bem em frente a entrada da Cidade de Deus. Chegamos lá no horário e ficamos esperando o empresário chegar. Eis que chega um Chevette Rett, dele desce o empresário (que não lembro o nome) e vem até a van onde estava toda a equipe. Eu e Luciano descemos e fomos conversar com ele. O empresário disse que gostaria de conversar com a Cris no carro dele e, claro, eu disse que iria junto. A essa altura Cris, coitada, já estava um pouco assustada. Afinal, o que o cara queria conversar?
Eu e Cris entramos no Chevette Rett e a van foi seguindo. Entramos na Cidade de Deus e o cara começou a falar que ali a situação estava braba porque a polícia estava em cima, atrás de Marcinho VP e que não poderíamos mostrar a casa de MV Bill, pois tinhagente lá que não gostava dele e que por conta disso Bill costumava ficar em três lugares diferentes e que teríamos que ter calma pois ele teria que saber onde Bill estava naquele momento. Nos pediu que não abordássemos alguns assuntos, enfim, pôs um terrorismo que, na verdade, não existia. Cris ficou super preocupada, com medo, mas quando descemos do carro (esse rolé durou uns 15 minutos), puxei Cris para o lado, Luciano veio junto, e falei pra ela não ter medo, que o cara queria mesmo é dar uma de gostosão, de malandro descolado e que Marcinho VP não estava na Cidade de Deus. Era tudo 71 do cara, puro jogo de cena. Tanto era que ele nos deixou perto da casa de MV Bill que na hora reconheci, pois ela já havia aparecido em famosas imagens do Rapper. De qualquer forma, fiz a cabeça de abertura bem longe dali e os primeiros segmentos do programa foram gravados no fundo da casa dele. O tal empresário, depois que nos deixou lá, sumiu.
Falei pra Cris que, se MV Bill quisesse, faríamos o pgm inteiro ali mesmo nos fundos da casa dele. Mas o papo começou a rolar legal, Cris foi se acalmando cada vez mais e MV Bill, que fazia sua primeira entrevista para a MTV, se mostrou um cara ultra mega gente fina.
Sei que, após uns três segmentos, Bill falou sobre uma pasta que tinha, onde guardava vários recortes de jornais e revistas que falavam sobre rap. Nesse momento eles nos convidou para entrar na casa para mostrar a tal pasta. Foi aí que Cris olhou pra mim como que dizendo “agora tá tudo bem, aquele empresário realmente fez jogo de cena”. Gravei mais uns dois segmentos no quarto dele e de lá fomos dar uma volta na Cidade de Deus, provando mais uma vez que aquele cara do Chevette Rett havia falado um monte de mentiras, pois MV Bill andou tranqüilo pelas ruas da Cidade de Deus, fomos a uma escola pública, onde a criançada o cercou pedindo autógrafos. Ele no meio de um monte de crianças era só sorrisos, Cris estava feliz, brincou com ele. De lá fomos a outra parte da CD para mostrarmos uma rádio comunitária local. Andamos mais um pouco pelo local e terminamos o pgm com MV Bill e os caras da rádio.
Correu tudo tranquilo e foi um dos melhores pgms que fizemos (junto com o da Cássia Eller). MV Bill ficou contente com a entrevista, com os clipes que iam rolar e ao término da gravação, o deixamos em casa e fomos tranquilamente embora.

Central MTV com LS Jack e Gabriel O Pensador

Gravação: 14/03/2000 (os dois pgms)
No Ar: 20/03/2000 (LS Jack)
No Ar: 21/03/2000 (Gabriel)

Essa semana trabalho com gripe e torcicolo. Pois é, hoje acordei 07h40 para chegar na MTV 09h00. Foi difícil, pois estava com o nariz entupido e o pescoço doendo muito. Acabei tendo uma crise (interna) de depressão, porque não queria acreditar que estava no Rio e indo trabalhar. Eu estava com uma moleza incrível e até esqueci de gravar as cabeças de entrada dos pgms, foi a Cris que me lembrou. Mais pra frente conto sobre isso.
Tínhamos combinado de encontrar Cris no Jardim Botânico (gravação ia ser lá com LS Jack) as nove e pouco e chegamos bem na hora. Ela também tinha acabado de chegar, inclusive Cris faz milagres, pois o trânsito do Rio é difícil e pior ainda pra quem mora na Barra.
Enquanto estávamos preparando o equipamento para gravação (e eu malzão) o pessoal do LS Jack chegou. A essa altura já existem coisas pré-estabelecidas por inércia, uma delas é a própria Cris explicar sobre o pgm para os convidados. Acho isso bom porque ajuda a quebrar o gelo entre entrevistador e entrevistado.
É difícil fazer um programa desses, pois o conteúdo e a duração depende do estado de espírito do artista. A Cris, além de ser muitíssimo esperta, percebe rapidamente o que poderá tirar do convidado.
Davi (nosso motorista) me deu um santo remédio para gripe e, depois de toma-lo, fui dar uma volta no Jardim para ver a locação.
O pgm ficou bom e até gravei cabeças a mais. O pessoal do LS Jack é legal e o pgm rendeu bem. O vocalista da banda (esqueci seu nome) fala pra cacete, mas é muito gente boa. Em compensação tem 2 ou 3 na banda que não abrem a boca. Uma coisa de bom que vi neles é que a banda tem consciência daquela história de “sucesso-de-uma-música-só”.
O programa terminou as 11h25, bem mais cedo que o previsto. Nos despedimos da banda e fomos guardar o equipamento já decidindo onde iríamos almoçar. Sugeri de comermos num lugar perto da próxima gravação e acabamos indo ao Shopping Fashion Mall. Eu ainda estava mal, mas o remédio que tomei ajudou a dar uma melhorada (pelo menos no meu ânimo). Todo mundo comeu no Bob’s e eu fui ao MacDonald’s. Comi muito rápido e não comi tudo.
Lá no shopping mesmo Cris se maquiou e se trocou para a próxima gravação. De lá fomos para o cantão (em São Conrado) encontrar Gabriel. O sol estava “nervoso” e muuuito quente. Começamos a gravar as 14h40. Começamos andando pelo calçadão, mas o sol estava demais e assim fomos até um quiosque. Cris e Pensador ficaram sentados tomando água de coco e assim o pgm foi inteiro. Gabriel é um cara muito inteligente, faz boas letras e seu novo CD é bem legal, pois ele faz o que nenhum outro rapper faz: acrescentar instrumentos brasileiros ao seu rap. Porém ele tem um lado obscuro, é filho de uma ex-assessora de Fernando Collor e me disseram que ele não gosta de mostrar sua casa (tanto que gravamos o pgm no calçadão).
Uma das dificuldades nesse ramo fonográfico e a burrice de quem trabalha em gravadoras. Para se ter uma idéia, a Cris comprou com seu próprio dinheiro o CD do Gabriel. Os divulgadores de gravadoras costumam mandar CDs de lançamento para os chefes dos departamentos da MTV e todos eles (sem exceção) nem ao menos tiram o CD do plástico. Muitas dessas pessoas que recebem os CDs (além dos chefes) além de não escutá-los os usam como moeda de troca em lojas de CDs. Isso é foda. Pois não é só a música que interessa, é importante ver a ficha técnica e ler as letras e seus compositores.
Acabamos a gravação com Pensador as 16h40. Esqueci de dizer que no final da gravação com LS Jack, quando já estávamos na Van saindo do Jardim Botânico, a Cris lembrou que não tínhamos feito a cabeça de abertura. Paramos tudo, descemos do carro, ligamos o equipamento e gravamos.
No final da gravação com Gabriel aconteceu a mesma coisa. Acabou a gravação e quando estávamos chegando no carro, mais uma vez a Cris lembrou da cabeça de abertura. Pegamos todo o equipamento, atravessamos a rua e gravamos a cabeça no calçadão.
Cris foi pra casa, Gabriel ainda iria gravar algo para o Dep. de Jornalismo, pois ele é a estrela do mês de março, mas enquanto a Fernanda (do jornalismo) não chegava, Gabriel foi até sua casa pegar a prancha de surf (há anos ele surfa no cantão e conhece toda a rapaziada local).
De lá peguei um táxi com Luciano e Bruno e fomos para a MTV. Chegando lá, liguei para Yone (programadora) pra saber dos clipes que iriam estrear e cheguei em casa antes das 18h00. Agora são 21h30 e eu continuo mal, mas bem melhor que de manhã. Amanhã tem Pepeu Gomes e Wando. Vai ser legal!

PS: Foi na gravação com LS Jack, quando vi alguns garis felizes e tranqüilos varrendo o Jardim Botânico que pensei seriamente em sair da MTV. Estava mal de saúde, longe de casa, morando num flat horrível, ganhando pouco, vivendo na ponte aérea, absolutamente insatisfeito. Guardei pra mim, mas naquele momento fiquei com um pé fora da emissora. Depois falo mais sobre isso.

Central MTV com Pepeu Gomes e Wando

Gravação: 15/03/2000
No Ar: 22/03/2000 (Pepeu Gomes)
No Ar: 23/03/2000 (Wando)


O cara da gravadora que acompanhou Pepeu, não sabia como chegar ao Bosque da Barra, locação desse programa. Por isso combiamos 10h40 num estacionamento de supermercado perto desse Bosque.
Queríamos marcar essa gravação para as 10h00, mas Pepeu é daquelas pessoas (que como eu) que não gostam de acordar cedo. Então passamos o horário para as 11h00. Mas houve atraso e só começamos a gravar ao meio dia.
Nove horas nos encontramos na MTV (toda a equipe) e de lá fomos à casa de Cris. Enquanto ela acabava sua maquiagem, fomos para a padaria tomar café (Eu, Luciano, Ferraro e Davi).
Chegamos ao Bosque da Barra e quando estávamos indo gravar, descobri que teríamos que ter autorização para gravar lá. Após 15 minutos e um telefonema, consegui a autorização. Começamos a gravar o pgm com microfone lapela sem fio e assim eu prefiro pois dá pra fazer planos mais abertos e dá pra variar mais a fotografia do pgm. Só que a certa altura o vento começou a ficar forte e a vazar muito no mic (fazendo o chamado ‘puf’). Pra completar, Cris estava de cabelo solto e não podia ficar 100% contra o vento (Pepeu também não) e os planos começaram a ficar mais limitados.
Não lembro de quem sugeriu a locação, mas seja quem for, esqueceu de nos dizer que havia um pequeno aeroporto ao lado do bosque. Essa foi a pior parte. Pois era avião e helicóptero a toda hora. Por isso pedi a Cris que falasse do aeroporto na cabeça de abertura.
Não ouvi o áudio, mas o pgm ficou legal, Cris e Pepeu falaram sobre quase tudo e a gravação não demorou muito. Inclusive ao final da gravação pude trocar uma idéia com Pepeu, de quem sou fã desde os tempos de Novos Baianos e, como Wando, não é freqüente na MTV.
Saímos do Bosque e fomos à uma lanchonete almoçar. A próxima gravação era com Wando, que mora na barra. Comemos sanduíches, tomamos sucos e açaí.
Chegamos ao prédio onde Wando mora e no estacionamento de lá Cris se maquiou. Ela trocou o figurino no banheiro da lanchonete. Pegamos todo o equipamento e, antes de subir ao apê de Wando, gravei a cabeça de abertura do pgm na entrada do prédio. Estava uma ventania e estávamos ansiosos pois o Wando não é uma cara comum na MTV. Chegamos lá, o Wando estava terminando uma entrevista e ficamos aguardando ao lado dca pequena piscina do apartamento (uma bela cobertura duplex). O apê era enorme e nem chegamos a vê-lo inteiro. Wando nos disse que não abria a casa dele para a imprensa há uns 5 ou 6 anos, mas que estava abrindo uma exceção porque gostava do trabalho da MTV. Por conta disso, não quisemos abusar de sua boa vontade e não invadimos tudo. Mostramos seu quarto, o closet, a piscina e a área onde ficava seu som e sua coleção de CDs. Era umas 17h30 quando terminamos. Wando foi super receptivo e não fez restrição alguma.
Pude ver alguns de seus CDs e fiquei espantado com sua coleção nada brega. Tinha vários do U2, Legião Urbana, Prince...

PS: Não é fácil fazer esses programas ainda mais quando há movimento ou o lugar é muito fechado e apertado. Usamos câmera Beta, um trambolho de 10 quilos, luz, mais equipamento de áudio. É coisa pra dedéu.

Central MTV com Cláudio Lins e Cássia Eller

Gravação: 27/03/2000
No Ar: 30/03/2000 (Cláudio Lins)
No Ar: 31/03/2000 (Cássia Eller)

As semanas pra mim começam no domingo, pois é quando saio do conforto de minha casa, em pleno domingão, para ir ao Rio. É duro deixar minha amada em casa, nos tranqüilos domingos, para ir ao flat de Botafogo. Até onde vai minha paciência? Até onde tudo isso vale a pena?
Bom, chegando ao Rio, fui ao Mac jantar, voltei para o flat e organizei a pauta, espelhos, fitas... para as gravações de hoje.
Foi difícil pegar no sono e só dormi mesmo as 02h00. As 08h30 Luciano chegou, pois estava na casa de seu tio carioca. As 09h30 já estávamos na MTV. O 1º pgm gravado foi com Cláudio Lins, filho de Ivan, no pequeno apartamento dele na Gávea, num lugar lindo!
Fomos muito bem recebidos por ele e descobrimos que nosso câmera Márcio, estudou junto com Cláudio durante o 1º e 2º graus. O apê dele é pequeno porém legal. Como não havia muito espaço para movimentação, gravamos apenas na sala. A Cris tinha escutado o CD dele e isso é ótimo quando acontece. Algumas vezes não dá para escutar o CD, mas a maioria das vezes é por culpa da gravadora que demora a entregar o produto. Tive que fazer certo malabarismo para termos um enquadramento legal, pois a sala era pequena e a câmera um trambolho! Mas rolou legal. Lembro que enquanto preparávamos o equipamento, Cláudio ligou para o pai pedindo permissão para falar na entrevista que iria gravar um disco com produção do Ivan. Permissão concedida.
Saímos da casa de Cláudio em cima da hora (já eram 12h45). Fomos almoçar perto da MTV e voltamos as 14h15. Na MTV Cris se trocou e saímos de lá já atrasados, as 15h00, e Cássia já estava na locação (que vergonha!).
A gravação foi feita numa pequena pista de skate na Urca. Chergando, ainda no carro, eu vi a locação e tive uma grande decepção, pois o lugar era ruim, não havia muito espaço e a pista não era lá essas coisas. Coloquei Cris e Cássia sentadas num lugar onde a pista ficava de fundo e assim gravei o pgm inteiro.
Lá tinha um cachorro preto, grande e forte (não sei a raça) que ficava andando pela praça e a Cássia morria de medo de cachorro e não queria ele ali. Fui conversar com o dono e percebi que o cachorro era muito manso, além de saber andar de skate. Cachorro skatista sim!!!! Não tive dúvidas e fiz imagem dele no skate.
O pgm foi muito legal, Cássia ficou super a vontade e falou um monte de coisas interessantes, inclusive sobre sua homossexualidade, coisa que ela nunca havia falado em entrevista nenhuma. A gravação terminou as 16h30. Ainda gravei algumas cabeças com Cris e quando eram 17h15 fomos embora.
A simpatia de Cássia Eller nos deixou contentes, Cris ficou feliz pela entrevista que realmente foi uma das melhores que fiz no Central.

Central MTV com Nocaute e Dado Villa Lobos

Gravação: 13/03/2000 (os dois pgms)
No ar: 16/03/2000 (Nocaute)
No ar: 17/03/2000 (Dado)

Levantei-me as 08h40 para estar na MTV as 10h00, mas acabamos nos atrasando pois Cris e Márcio (ass. câmera) se atrasaram por causa do trânsito. Acabou o carnaval e para o Brasil o ano começou agora.
Com o Nocaute estava marcado nos Arcos da Lapa as 11h00, mas só começamos a gravar as 11h40. A banda, infelizmente, tomou um chá de espera.
Ontem, antes de vir para o RJ, passei na MTV para pegar algumas informações da banda para elaborar a pauta, mas não achei nada nos arquivos. Entrei no site oficial, mas não havia nada além de algumas fotos. A Cris, já no Rio, esperava um fax com algumas informações, mas acabei não enviando.
Fomos à gravação sem saber ao certo o que fazer. Chegamos lá e vimos as ruínas do Circo Voador e foi triste ver aquilo e saber de como tudo acabou do jeito que acabou. Políticos e prefeitura do Rio são uns bostas e não sabem (pasmem) o que o Circo representa.
Chegando lá encontrei com a Alê, que trabalha na gravadora da banda, e ela nos apresentou à todos do Nocaute. Cris ficou conversando com todos eles e eu fui ver a locação para definir o local da gravação (em 1996 havia gravado ali dois programas com Cazé). Pior de tudo é que estávamos no sol do meio dia, o pior pra se fazer uma gravação externa. Aí tive que improvisar: fiz duas cabeças no sol e o resto do pgm na sombra. A banda, nova, apareceu pouco na MTV e só tem um clipe, por conta disso, tive que diminuir o número de cabeças gravadas. Acabou sendo legal, pois a banda foi boa na conversa e nem falaram besteiras. Todos os segmentos tiveram bom conteúdo (achávamos que o pgm iria ficar fraco por causa disso).
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Por conta de nosso próprio atraso, saímos de lá em cima da hora. Ainda tínhamos a entrevista com Dado, mascada para as 15h00 e já eram 13h00. Tínhamos que almoçar e ainda passar na MTV para deixar a fita gravada com Nocaute, pois ela ia de malote para SP naquela mesma hora. Fora que Cris ainda tinha que trocar de figurino e acertar a maquiagem. Saímos da MTV atrasados e chegamos na Rock It! as 15h30.
O lugar é lindo, ruas de paralelepípedo e bastante arborizadas. Não posso dizer onde é, mas digo que é perto do Jardim Botânico. A casa onde fica a Rock It! foi construída nos anos 1920 e é enorme. No fundo, há uma escadaria que sobe um pequeno morro e nem o Dado soube dizer onde a escada acabava.
Engraçado foi que o cachorro de Dado, o Salvador, cismou comigo e queria a todo custo transar com minha perna... hehe. Durante o segmento gravado na pequena academia da Rock It!, fiquei lutando com Salvador durante uns 5 minutos. Se não fosse minha prancheta eu estava fudido. Luciano (Relações públicas e hoje guitarrista rockstar do CPM22) e Davi (Ass. Câmera) só davam risada. Davi até chorava de tanto rir da situação. A gravação rolando e eu lutando para o cachorro não transar na minha perna. Foi foda e suei muito.
O pgm foi bem tranqüilo e a única recomendação que passei a Cris era para ela não falar de Legião Urbana. Ficou muito bom, gravamos em vários ambientes da casa.
Como o Tom Capone diz, o Dado é um cara zen, tranqüilo e paciente. Juntando isso com a maravilhosa casa, só poderia dar um belo programa. Ainda falamos com Toni Garrido que estava lá gravando seu disco. Quando eram 17h30 terminamos a gravação. Cris foi com seu próprio carro e foi embora de lá mesmo.
Chegamos na MTV as 18h00 e fui embora pra casa. Luciano ficou um pouco mais. Eu estava louco pra tomar um banho, ainda mais depois da luta com Salvador que me deixou todo melado.

PS: No Rio moro num flat junto com Luciano e ele fica bem perto da MTV, a pé é uns 5 minutos. Eu vou e volto para SP, mas Luciano fica no Rio direto.
PS2 (2008): Nessa época o CPM22 ainda era apenas uma banda underground que vendia bem seu primeiro CD independente.

Central MTV com Rumbora e Evandro Mesquita

Gravação: 20/03/2000
No Ar: 24/03/2000 (Rumbora)
No Ar: 27/03/2000 (Evandro Mesquita)


Começamos mais uma semana de gravação. A equipe se encontrou as 09h00 na MTV e saímosde lá as 09h30 para ir à praia do Leme, onde foi gravado o Central com o Rumbora. A banda veio ao Rio para um show no Ballroom e aproveitamos para gravar um pgm com ela. Chegamos lá as 10h00 e o pessoal já estava lá tomando água de coco.
Eu já havia gravado um Radiovitrola com Cazé na mesma locação em 1995, então já sabia o que faríamos. Quando chegamos, enquanto Ferraro (Ass. de câmera) e Márcio (câmera) montavam o equipamento,Cris e eu ficamos conversando com a banda – lembrando que Rumbora é de Brasília, portanto é tudo brodagem. Eu e Biu estudamos juntos no Marista. Ele era do metal e eu do punk...
Na 6ª feira passada eu já havia enviado para Cris algumas reportagens e realises para ela montar a pauta, e no caminho para a locação conversamos mais um pouco. A gravação foi tranqüila, o pessoal da banda, apesar de estarem começando, são bem articulados e falam sobre tudo. A gravação terminou as 12h15.
Saímos de lá e voltamos para a MTV, pois Cris pegaria o carro dela e eu deixaria as fitas para irem à SP no malote da tarde.
A segunda gravação aconteceu na casa de Evandro Mesquita, num belo condomínio da Barra. Cris foi almoçar na casa dela (que era perto da locação) e o resto da equipe foi para uma lanchonete. As 13h30 pegamos Cris e fomos à casa de Evandro. Apanhamos um pouco para chegar lá. Antes de tocarmos a campainha, já deixamos o equipamento pronto, gravei a cabeça de abertura ali mesmo, e depois entramos.
Casa maravilhosa! Pra se ter uma idéia há um pequeno lençol d’água que ‘rasga’ o gramado que fica de frente pra casa e a água cai numa piscina natural. No meio do mato, a edícula da casa de Evandro é maior que meu apartamento.
Ele nos recebeu bem, mas com um pé atrás. Aqui entre nós, o Evandro não é exatamente aquela ultra simpatia que se vê na TV. É sim um cara legal, porém sério demais. A princípio não quis liberar de gravar dentro da casa, mas Cris com seu jeitinho manero, conseguiu que gravássemos pelo menos em seu escritório, o que foi legal, pois tinha bastante material ilustrativo. Aos poucos Evandro foi deixando a amarra e sua simpatia veia à tona. Mas a maior parte do pgm foi feito com eles sentados no gramado com a casa de fundo.
Gostei de fazer o pgm com Evandro Mesquita pois ele também não é uma cara muito presente na tela da MTV.

Central MTV com Vinny e Pepê & Neném

Não há diário de registro desses dois pgms, mas me lembrei deles nesses dias emque passava os diários do Central para o computador. São sei quando foram ao ar, mas sei que foram gravados em dias diferentes.

Vinny
Lembro que fomos à casa nova dele, num condomínio na Barra, casa novinha mesmo, ele havia acabado de se mudar, sua esposa estava grávida de uns 7 meses. Ele estava, claro, felizão, e sua carreira ainda ia muito bem, com músicas tocando em rádio, agenda de shows lotada...
O programa foi gravado no início da tarde e toda a equipe foi muito bem recebida na casa. Lá estavam o Vinny, sua esposa e uma moça que trabalhava lá.
A gravação foi tranqüila, bem ao estilo da proposta inicial do Central, de mostrar a casa toda, durante uma boa conversa. O bom era que estava sol, a casa tinha muitas janelas, era bem iluminada com luz natural e não precisei usar luz artificial. É sempre melhor a luz natural!
Entramos em todos os ambientes da casa, inclusive quartos e cozinha. Vinny estava amarradão do momento que estava vivendo na vida pessoal e profissional. Ele é um cara muito gente boa, sem forçar a barra.
A única pisada na bola que me lembre, nem é em relação ao pgm, mas em seu 2º CD, no encarte, em uma das letras estava escrito “Derrepente”, ao invés de “De Repente”. Quando vi isso, doeu fundo no caração!
Atenção bandas! Revisem bem os textos que irão entrar no encarte de seus discos!

Pepê & Neném
O pgm com Pepê & Neném particularmente foi especial pra mim, pois que me lembre foi o último pgm que gravei na MTV. Depois dele, saí da emissora para tomar novos rumos.
Lembro bem dessa gravação, que aconteceu na parte da tarde, e foi em Niterói, também numa casa que elas haviam acabado de comprar e se mudar.
Lembro bem da gravação, pois eu estava com uma enxaqueca gigante, tinha comido mal no almoço, não havia remédio e o calor estava, como dizem, infernal. Pra completar, foi difícil achar o condomínio em que elas estavam morando. Ou seja, nem tínhamos chegado ao local e eu já não via a hora de ir embora... hehe.
Bom, depois de muito vai e volta, achamos o tal condomínio, que ficava a beira de uma estrada. Era um condomínio simples de casas simples e Pepê & Neném estava irradiantes por dois motivos: pela casa nova, uma grande conquista delas; e pela gravação com a MTV, até porque, como outros artistas, elas não eram rostos comuns na MTV. Chegamos lá e elas fizeram questão de mostrar a piscina do pequeno condomínio. A recepção delas foi muito legal. E minha cabeça explodindo!
Na casa estava toda a família, mil comidinhas, salgadinhos, refrigerante, bolo, doces... Realmente muito legal e muito gentil da parte delas.
O pgm, se não me engano, começamos a gravar fora da casa. Era daqueles condomínios com casas iguais, umas grudadas nas outras e cada uma delas com dois andares: na parte de baixo sala, cozinha, área externa e na parte de cima os quartos. A casa delas era a primeira do condomínio, bem ao lado da estrada, o que nos obrigou, de vez em quando, por causa do barulho, a interromper a gravação por causa de um carro ou caminhão mais barulhento. Gravar com microfone boom acontece isso, pois como ele não é direcional, ou seja, pega o barulho de todo o ambiente, tem que haver cuidado em usá-lo. Nessa situação seria melhor usar microfones lapelas, aqueles pequenos que ficam grudados na roupa – muito usados em telejornais, por exemplo – mas como não tínhamos 3 lapelas, tive que gravar com boom.
E a cabeça explodindo!
Fizemos à gravação que rolou numa boa, mas ao contrário do Vinny, em alguns ambientes tive que usar luz artificial. Pepê & Neném foram super legais, com aquele sorriso aberto e quando eram umas 17h00 finalmente fomos embora.
Dia seguinte peguei avião de volta à SP e na primeira oportunidade sentei com a chefia e pedi as contas. Não agüentava mais essa rotina de ponte aérea, sempre correria para gravar, dormia mal, acordava muito cedo e ia dormir muito tarde, pois quando chegava no flat, eu ainda tinha que escrever um relatório de gravação e edição para a Flávia, então minha assistente, que editava o Central. Era uma rotina muito dura, muito perversa para quem já tinha 7 anos de casa. Eu havia recebido uma ótima proposta de um site estrangeiro para ser Editor de Música, e como o mercado de internet era novo, estava crescendo, acabei aceitando o convite.
Tempos depois fiquei sabendo que, infelizmente, por dificuldades na carreira as meninas tiveram que vender a casa, mas não sei se isso aconteceu de fato.